segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Regra do 4%? Achei uma estratégia melhor e atualização do patrimônio de SET/24

“O homem cria a ferramenta, a ferramenta molda o homem.” - Marshall McLuhan

Existem diversas estratégias para gastar o dinheiro na IF e tentar evitar que ele acabe. Nenhuma das estratégias é perfeita, pois não sabemos quando vamos morrer e nem o desempenho do mercado financeiro no futuro. As garantias dessas estratégias são sempre estatísticas, ou seja, aplicamos essa estratégia em vários períodos do passado e vemos qual foi a performance. Essas estratégias sempre são testadas no mercado americano, pois há dados do mercado financeiro desde 1871, o que é ótimo, pois nesse período houve incontáveis desastres e mudanças no mundo. Dá uma segurança a mais saber, por exemplo, que a estratégia que você escolheu funcionou até para quem se aposentou em 1928, um pouco antes da grande depressão.

Por outro lado utilizar dados do mercado americano para um FIRE brasileiro é complicado, pois lá o mercado de ações é muito melhor e a taxa de juros e inflação são menores. A alocação padrão de um americano para aposentadoria é 60% ações e 40% renda fixa. Eu prefiro inverter essa lógica e usar 60% RF e 40% RV, o que deixa a simulação mais conservadora. O site usado nas simulações é o meu querido https://ficalc.app/ e utilizarei meu patrimônio total do mês passado R$2’825’000.

Estratégia 1 - Regra dos 4%

Primeiro cabe explicar sobre como funciona essa regra, pois eu tinha um entendimento errado sobre ela antes de estudar a fundo. Essa regra nasceu em 1994 de dos estudos de Bill Bengen, um planejador financeiro e foi confirmado em 1998 por um estudo da universidade de Trinity.
Essa estratégia privilegia gastos constantes ao longo do tempo, o que é bem adequado a aposentadoria e que a chance de acabar o seu patrimônio em 30 anos seja menor que 5%.
A estratégia funciona assim: você gasta 4% do seu patrimônio no primeiro ano de aposentadoria e nos anos seguintes apenas atualiza esse valor gasto pela inflação. Você ignora totalmente se o valor do seu patrimônio ou se o mercado está subindo ou caindo.

Colocando meus números na regra clássica (4%, 30 anos) dá uma taxa de sucesso de 94,4%. Caso eu suba para 40 anos, a taxa de sucesso cai para 86% e ainda 28,9% dos períodos que tiveram sucesso terminaram com pouco patrimônio, ou seja, teu dinheiro não acabou, mas você passou nervoso no fim da vida achando que ele acabaria, o que é no mínimo desagradável.

Para melhorar a taxa de sucesso tenho que diminuir a taxa segura de retirada para 3,6%, isso eleva a taxa de sucesso para 97,4%, mas ainda tem uma chance de 20% de terminar com pouco patrimônio e paradoxalmente tem uma chance de 25% de terminar com muito patrimônio. Se eu baixo ainda mais a taxa de retirada para 3,1% eu reduzo para menos de 5% a chance de terminar com pouco patrimônio, mas elevo a chance para 30% de terminar com muito. Essa é uma limitação intrínseca a essa estratégia, ela é muito rígida e ignora a evolução da sua carteira de investimentos, então, quanto mais segurança você quer, mais dinheiro vai deixar de usufruir.

Outra coisa a se verificar é o risco longevidade, nessa estratégia aumentando o período de usufruto para 50 e 60 anos, a taxa de sucesso cai para 90% e a chance de acabar com pouco patrimônio volta para a casa dos 20%.

Resumo:
Taxa de retirada segura: 3,6% = R$101’000 / ano = R$8’417 / mês
Taxa de sucesso: 97,4%
Sem variação mês a mês
Chance de deixar muito dinheiro para trás: 25%
Chance de passar sufoco: 20%

Estratégia 2 - Gastar uma porcentagem fixa do patrimônio todo ano

Nessa estratégia decidimos uma % do patrimônio a ser gasta todo ano e repetimos isso até morrer. Nessa estratégia o dinheiro nunca acaba, pois você gasta apenas uma porcentagem dele. O problema é que as retiradas variam ao sabor dos resultados dos investimentos, ou seja, você se programa com um certo gasto e se o mercado for mal pode ter apenas metade desse orçamento disponível, ou se retirar demais pode corroer o patrimônio e terminar com uma renda insuficiente para uma boa qualidade de vida.

Se eu defino 4% como a taxa de retirada, mesmo para 40 anos eu tenho uma taxa de sucesso de 100%. Ainda resolvo o problema de deixar muito ou pouco patrimônio que ficam abaixo de 10%.
Não há risco de longevidade nessa estratégia, mesmo aumentando o usufruto para 50 e 60 anos a taxa de sucesso continua em 100%. Posso aumentar a taxa de retirada para 5% e ainda tenho uma taxa de sucesso de 100%.
Nossa Mendigo, achei a estratégia certa para mim, posso gastar mais e ainda ter uma taxa de sucesso maior do que na estratégia anterior. Calma, pequeno gafanhoto, lembre-se que não há almoço grátis, você resolveu alguns problemas e criou outro. Nessa estratégia você pode começar gastando mais que na anterior e a taxa de sucesso é sempre 100%, mas a renda vai variar e vai variar muito, dependendo dos resultados dos investimentos. Fica complicado planejar a vida com essa variação, imagine em um ano ter 8400 disponíveis por mês e no próximo apenas 3100? Com certeza você não vai deixar de pagar o plano de saúde, ou ficar trancado em casa comendo arroz com ovo por anos até o mercado financeiro se recuperar.

Você pode limitar essa queda na renda a 15% o que eu acho bem tranquila, seria em um ano ter uma renda de 8400 ao mês e em outro 7140. Essa limitação na queda de renda resolve boa parte dos problemas dessa estratégia, ao mesmo tempo que permite gastar mais que na estratégia anterior.

Resumo:
Taxa de retirada segura: 3,9% = R$110’175 / ano = R$9’181 / mês
Taxa de sucesso: 100%
Variação de renda: 93’650 a 344’754 (média 123’874)
Chance de deixar muito dinheiro para trás: 7%
Chance de passar sufoco: 11%

Estratégia 3 - Vanguard Dynamic Spending

A estratégia 2 já foi uma boa melhora, permitiu que houvesse um gasto médio acima da estratégia 1, reduziu a chance de deixar muito ou terminar com pouco patrimônio e ainda aumentou a taxa de sucesso e reduziu o risco de longevidade. Você tem todos esses ganhos apenas aceitando um pouco de variação na sua renda, parece uma boa troca. Mas a Vanguard criou outra estratégia, que é um híbrido entre as duas anteriores e fez estudos que indicam que você pode gastar ainda mais do seu patrimônio de forma segura. Como funciona essa estratégia?

Você determina uma porcentagem do patrimônio a ser gasta no primeiro ano digamos que os 3,9% da estratégia anterior R$110’175.
No ano seguinte você aplica a inflação sobre esse valor, digamos 5% de inflação = R$115’684
Essa estratégia traz dois novos parâmetros, as taxas de variação anuais máximas, tanto pra cima, quanto para baixo, digamos 3% para baixo e 5% para cima. Com esses parâmetros calcula o piso de gastos R$112’213 e o teto de gastos R$121’468, então calcula os 3,9% do patrimônio atual. Digamos que seus investimentos renderam 10% no primeiro ano, então (2’825’000 – 110’175) x 1,1 x 3,9% = 116’466 que será seu gasto anual no segundo ano. Caso ele fosse abaixo do piso você gastaria o piso, caso fosse acima do teto você gastaria o teto.

Resumo:
Taxa de retirada segura: 3,9% = R$110’175 / ano = R$9’181 / mês
Taxa de sucesso: 100%
Variação de renda: 93’650 a 361’725 (média 124’641)
Chance de deixar muito dinheiro para trás: 7%
Chance de passar sufoco: 14%

Essa estratégia da Vanguard realmente permite um gasto maior (em média 25% maior), com maior taxa de sucesso e melhor aproveitamento do patrimônio comparado com a estratégia 1. Comparado com a estratégia 2 há uma possibilidade de gasto médio maior desprezível, menor volatilidade e um aumento do risco de longevidade.

No geral as estratégias 2 e 3 são melhores, pelo simples fato de se preocuparem com o resultado dos investimentos, enquanto a estratégia 1 é alheia ao resultado dos investimentos. Acho que na vida real ninguém assistiria seu patrimônio sendo depenado e continuaria gastando o mesmo.

Com base nessas simulações prefiro a estratégia 2 (taxa segura de retirada de 3,9% com piso de 15%), pois é robusta quanto ao risco de longevidade, permite aproveitar melhor o patrimônio que a estratégia 1 e é menos complicada que a estratégia 3.



Patrimônio de SET/2024

Patrimônio = R$ 2’112’886,90 (2’917’725 com PP)
Aporte = R$ 55’363,15 (2,62% patrimônio)
Rentabilidade = -0,69%, acumulado 12m = 21,55%
Inflação = 0,26%, acumulado 12m = 4,23%
CDI = 0,79%, acumulado 12m = 10,95%

Rendimento dos FII = R$ 5’341
Previsão da renda da PP = R$ 5’159
Total = R$ 10’500
Renda máxima utilizável 2025 (TSR 3,9%) = R$ 9’483
Piso de renda 2025 = R$ 7’871

Plano de investimento para 2025:
Comprar pelo menos 0,3 título Educa+ 2031 por mês.
Comprar pelo menos R$ 2’400 em cotas de FII por mês.


A era dos grandes aportes termina esse mês. O dinheiro da rescisão daria para eu comprar um carro legal, dai veio o governo, mordeu IR, INSS, FGTS e sobrou dinheiro para comprar um carro menos legal.
Estou há 10 dias fora do trabalho, ainda acertando coisas como a homologação da rescisão e a portabilidade da previdência. Acho que não consigo receber o primeiro pagamento da previdência em outubro, então já começo na pindaíba :))

Toda a rescisão foi investida rapidamente, incrível com ao longo dos anos construindo o caminho FIRE ficamos bons nisso. A maior parte foi para o Tesouro Educa+ 2031 para começar a me garantir uma renda entre 2031 e 2036, uma parte foi em FII e uma parte eu separei para gastar livremente, sem culpa. Não é que essa parte não foi investida, ela está investida em CDI com liquidez diária, e roubando a ideia do SrIF, vou chamar esse fundo de Tio Patinhas, para onde irá parte do orçamento mensal que eu não gastar.

Por enquanto parece que eu estou de férias, ainda não caiu a ficha. O que eu percebi foi que meu humor ficou com uma amplitude maior. Meu humor sempre foi muito estável, sem muitos picos de felicidade e sem muitos vales de tristeza. Mas teve alguns dias que eu me peguei mais feliz e satisfeito, com um sorriso no rosto logo após ter tirado uma soneca depois do almoço. Da mesma forma que esse pico de felicidade veio do nada, de noite estava chorando sem motivo, nostálgico, lembrando do passado.

Outra coisa é que minha mente fica fervilhando de possibilidades, parece que eu posso fazer tudo, aprender sapateado e boxe ao mesmo tempo, estar no deserto do Saara e logo depois no Ártico, que eu posso morar onde quiser. Toda essa sensação é obviamente enganosa, primeiro que minha IF não aguenta essas extravagâncias, e nem eu aguento essas extravagâncias, eu sou apenas um tiozinho, cuja maior parte da vida era ir ao trabalho e negligenciar a saúde, que foi abençoado por não precisar mais trabalhar. Qualquer caminho que eu queira seguir é uma longa caminhada, não dá para correr uma maratona sem treino.




Ad augusta, per angusta.

domingo, 1 de setembro de 2024

Puxei o gatilho e atualização do patrimônio de AGO/24

“Nenhum arrependimento muda o passado, nenhuma ansiedade te prepara para o futuro.” - Bastter

Puxei o gatilho, como dizem os gringos, pedi demissão do emprego e estou cumprindo aviso prévio.
Impressionante como uma coisa planejada por 20 anos pode parecer meio impulsiva.
Bom, agora sabemos qual é minha tolerância a trabalhar sem precisar, bem baixa, desde que descobri que tinha atingido o número da IF eu consegui ficar apenas 6 meses, quando a previsão inicial era um ano. Dizem que apenas quando a situação se apresenta de verdade é que você tem a chance de se conhecer, então agora eu sei que não sou aqueles que vão ficar no “só mais um ano” e enrolando para abraçar a independência financeira.

Vários fatores foram se acumulando e fizeram eu tomar a decisão:

Risco assimétrico de perder parte da renda.
Esse se apresenta mais na minha previdência privada, pois a renda que virá dela depende do saldo.
Quase tive um treco quando teve uma queda expressiva na bolsa do Japão que parecia ser um crash generalizado do mercado.
Isso me afeta assim, hoje a cada mês que eu fico trabalhando, eu aumento a renda em R$65 por mês. No entanto, em caso de uma crise que leve os ativos a desvalorizar 10% eu perco R$500 por mês por 20 anos.
Então ficar trabalhando um mês a mais pode me fazer receber menos renda.

A proximidade da aposentadoria faz que eu não queira mais pegar jogo difícil.
Meu trabalho, guardadas as devidas proporções, é semelhante à de um piloto de avião. No geral é tranquila, enfadonha, cansativa; mas em alguns poucos momentos pode ser desesperadora. É uma mistura pouco saudável de tédio com stress.
Há alguns dias quando eu chegava para pegar o meu turno e é possível, por alguns indicativos, saber se as coisas estão tranquilas ou complicadas antes de entrar na planta industrial. Eu vi que as coisas estavam complicadas ainda no transporte e comecei até a passar mal, já antevendo o stress e o trabalho que eu teria naquele dia. Não pude deixar de pensar “por que me submeter a isso quando eu não preciso?”.

Chatices normais do dia a dia.
Deu pra ver que eu fui ficando cada vez mais intolerante as chatices normais do trabalho, supervisor com picuinha para marcar as férias, pressão para que eu viesse trabalhar nas folgas (essa é curiosa, pois a maioria dos outros colegas gosta disso para receber horas extras). Enfim, coisas normais de todo trabalho que normalmente você engole, eu simplesmente apenas não estava mais disposto a engolir. Isso pode parecer coisa de mimado, e eu acho que é exatamente isso, ter a possibilidade de não aceitar mais esse tipo de coisa me deixou mimado. Mas esse não é todo o ponto da IF? Ter liberdade para escolher o que você aceita e o que você não aceita.

Eu sou uma pessoa reservada, mas o fato de ter pedido demissão caiu muito forte na rádio pião. Demissão onde eu trabalho é muito raro, a ponto de nesse 16 anos de trabalho eu só ter visto uma pessoa que pediu demissão e ouvir histórias de outra em outro setor. A ponto de ter pessoas que nunca falaram comigo me abordando e histórias absurdas de que eu teria brigado com o gerente. Virei um entretenimento passageiro na vida dos outros, huehue.
Uma das interações curiosas aconteceu com um cara que veio confirmar comigo se eu tinha realmente pedido demissão e ficou todo empolgado dizendo que queria pedir demissão também, que queria estar no meu lugar. Quando eu falei que isso era fruto de um planejamento de 20 anos foi triste ver o cara murchando. Ele certamente queria ser eu agora, mas não queria ser eu nos 20 anos de batalha que tornaram isso possível. Acho que vou começar a falar que o tigrinho tá pagando muito, para manter a ilusão das pessoas de que existe um caminho fácil e rápido.

Entrando em uma discussão filoso espiritual, ter que trabalhar foi uma das punições de Deus pelo pecado original. Alcançar a IF anula essa punição? Que delicias me aguardam na reconquista do Éden? E que serpentes espreitam?


Patrimônio de AGO/2024

Patrimônio = R$ 2’072’208,05 (+786’525 na PP)
Aporte = R$ 9’429,43 (0,45% patrimônio)
Rentabilidade = 0,48%, acumulado 12m = 20,98%
Inflação = 0,22%, acumulado 12m = 3,93%
CDI = 0,87%, acumulado 12m = 11,22%

Rendimento dos FII = R$ 5’117
Previsão da renda da PP = R$ 5’042
Total = R$ 10’159
Renda máxima utilizável (TSR 3,9%) = R$ 9’291




Ad augusta, per angusta.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Achei uma planilha com meus gastos de 2014 e atualização do patrimônio de JUL/24

“Os dias são longos, porém os anos são curtos”

Revirando meus backups no computador achei uma planilha antiga com os detalhes dos meus gastos em 2014. O que mudou 10 anos depois? Eu gastava mais ou menos? Qual era o perfil dos gastos? Fiquei curioso em analisar esse tipo de coisa.

Meu gasto médio mensal foi de R$3088 em 2014. Pesquisando meus contracheques nesse ano eu ganhei liquido (já contando 13º / PLR / férias) em média R$9500; ou seja, economizava 67% do meu salário liquido. Uma boa economia, o que mostra que eu estava comprometido desde muito tempo com a meta da IF. O Mendigo de hoje saúda e agradece o Mendigo de 2014 pela disciplina e por pensar no futuro.

Como era minha vida profissional em 2014?
Eu estava há 6 anos no emprego, então estava naquele ponto em que passa a empolgação inicial, as coisas deixam de ser novidades e você começa a enxergar o ambiente de forma mais crítica. Eu estava entrando na fase que eu chamo de neutra, o trabalho não empolga, mas também não é ruim. Lembro de mais ou menos nessa época ter a grande revelação de que meus números para a IF estavam dando certo e tudo que eu precisava era manter o plano ao longo do tempo, lembro de ter um grande alívio quando percebi que eu não precisava procurar um emprego melhor, que o emprego atual era o suficiente para os meus objetivos, muito boa essa sensação. De novo agradeço ao Mendigo de 2014 por continuar no plano, mesmo que a vida profissional não estivesse ruim, ele teve a sabedoria de se preparar para caso as coisas não fossem tão boas no futuro. Esse planejamento e antecipação valeram ouro, assim quando as coisas ficaram ruins eu já tinha trilhado uma boa parte do caminho, seja pró-ativo e comece a se mexer antes das coisas ficarem ruins. Use o tempo das vacas gordas para se preparar para o tempo das vacas magras, isso é sabedoria milenar.

E como eram divididos os gastos?
33% para moradia e utilidades.
Morava de aluguel 630 + condomínio 230 + internet 110 + eletricidade 40

17% viagens.
Viagem para pescar em alto-mar, viagem de 1 mês para Maceió, passeio de moto para Blumenau, viagem para festa em Prudentópolis. Puxa vida, viajava e passeava muito mais do que hoje, maldita pandemia, espero recuperar isso na IF.

17% alimentação fora de casa.
Essa época eu cozinhava pouco e morava em uma área central com várias opções de restaurantes.
Para ter noção dos preços um rodízio de comida japonesa já com as bebidas saiu R$85.

8,8% bens duráveis
Roupas, calçados, eletrodomésticos, celular.
Um celular LG G2 saiu R$1322.

8,3% lazer.
Compra de jogos, bares, cinema, churrascos, pescarias. Deixei de fazer muitas dessas coisas, seja porque não moro mais próximo aos cinemas, seja porque não tenho carro (não me imagino pegando um uber para ir até um pesqueiro).

6,7% mercado, panificadora e açougue.

4,4% Imposto de renda.
Sim, quase 5% dos meus gastos nesse ano foram para pagar o ajuste anual do imposto de renda. Eu demorei para perceber a importância de maximizar meus aportes para o meu plano de previdência PGBL.

2,3% Transporte.
Na época tinha uma moto, era econômica, isso mudaria pois no ano seguinte comprei um carro turbo importado, para o terror das minhas finanças :))

2,5% Diversos.

Como os custos daquela época se comparam com os de hoje?
3088 corrigindo pela inflação é hoje 5870.
9500 corrigindo pela inflação é hoje 18000.

Meus gastos mensais ano passado foram 4000 e meu salário líquido hoje é 18000.
Então naquela época eu gastava mais do que hoje e ganhava a mesma coisa.
Meu plano para a IF também parece consistente pois hoje ela prevê um gasto de até 8200 por mês, maior do que os gastos de hoje e maior do que os gastos históricos atualizados. Como eu não pago mais aluguel essa renda deve me proporcionar uma qualidade de vida ainda maior.
Fiquei um pouco triste ao fazer essa análise e perceber como eu fui me divertindo menos ao longo dos anos, como eu fui abandonando coisas que eu gostava de fazer. Felizmente isso é fácil de arrumar, pois minhas diversões sempre foram econômicas, é só eu voltar a pescar, continuar viajando, voltar a sair em bares e fazer passeios.


Patrimônio de JUL/2024

Patrimônio = R$ 2’052’935,71 (2,824kk com PP)
Aporte = R$ 9’176,98 (0,45% patrimônio)
Rentabilidade = 2,17%, acumulado 12m = 19,99%
Inflação = 0,36%, acumulado 12m = 3,71%
CDI = 0,87%, acumulado 12m = 11,35%

Rendimento dos FII = R$ 5’316
Previsão da renda da PP = R$ 4’944
Total = R$ 10’260
Renda máxima utilizável (Pat x 3,5%aa) = R$ 8’237

Mais um resultado excelente esse mês. Já falei do efeito que o resultado dos investimentos têm sobre nós, quando vão mal, nos achamos os piores investidores do mundo, quando vão bem, nos achamos os gênios dos investimentos. Eu não sou nem um, nem outro, até porque tirando os FIIs meus outros investimentos em RV são através de ETFs que só seguem o mercado. Dizem que no longo prazo uma alocação bem-feita e constância nos aportes vão ganhar de quase tudo, é como na fábula da corrida do coelho e da tartaruga. A tartaruga, fazendo o básico bem-feito, vai ganhar do coelho que fica acelerado querendo aproveitar oportunidades de mercado, girando patrimônio e correndo atrás do “melhor” investimento da semana. Faça o simples bem-feito.

Meu patrimônio está em uma bullrun de 16 meses quase ininterruptos de alta. A maior desde que eu acompanho. Dá até um certo medo de aposentar agora, pois depois de grandes altas sempre vêm grandes quedas (que ninguém sabe quando). No entanto, a tal regra dos 4% (que eu uso 3,5%) contempla esses casos, pois leva em conta alguém que tenha se aposentado em 1928, as vésperas da grande depressão ou em 1966, logo antes dos EUA terem mais de uma década de estagflação e uma crise braba do petróleo.

Admiro cada vez mais quem trabalha sem precisar, pois estou achando cada vez mais chato e sem sentido ir trabalhar. Já ouvi relatos de pessoas que depois que atingiram a IF até começaram a aproveitar mais o trabalho e trabalhar mais relaxados, não é meu caso. Não acho que trabalhar mais alguns meses vai fazer qualquer diferença a longo prazo na minha vida financeira, no entanto cá estou não parando agora, talvez em outubro, talvez em setembro. Pelo menos eu já não sou o cara do “só mais um ano” e virei o cara do “só mais um mês”, uma evolução eu acho.



 

Ad augusta, per angusta.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Triangulo do viver gostoso e atualização do patrimônio de JUN/24

“A luz que brilha com o dobro de intensidade, dura a metade do tempo.”

Tempo, saúde e dinheiro são três elementos fundamentais que moldam e influenciam profundamente nossas vidas. Se imaginarmos cada um deles como o vértice de um triângulo, então a área do triângulo é uma medida de bem-estar.
É até meio clichê aquela ideia de que nossas vidas são lineares e que sempre um dos vértices é encurtado em alguma fase da vida, a saber:
Infância e juventude: muito tempo e saúde, pouco dinheiro.
Vida adulta: muita saúde e dinheiro, pouco tempo.
Velhice: muito tempo e dinheiro, pouca saúde.

Todos sabemos que a vida não é um comercial de margarina e esses tempos de vida são apresentados como deveriam ser, não como são.
Uma criança pode nascer em uma família rica, assim tendo muito dinheiro já no início, essa mesma criança pode ter uma cobrança muito forte da família que enche sua agenda com intermináveis atividades, a deixando sem tempo.
Alguém pode nascer com a saúde ferrada, nunca tendo um vértice longo nesse aspecto, a ideia de que todo velho tem dinheiro é sabidamente falsa, sobretudo no Brasil. Enfim, as possibilidades são infinitas.

Porém acredito que o triângulo do viver gostoso não é toda a equação e há outro aspecto muito importante, a satisfação. De nada adianta ter os três aspectos em abundância se você nunca está satisfeito. Isso com dinheiro é muito fácil de perceber e leva a situações bizarras, como o caso de que vazou um áudio de um juiz reclamando que era sofrido viver com a miséria de 23 mil reais por mês, ou o caso de pessoas, que já tem muito dinheiro e continuam destruindo a saúde para acumular mais.

Outra coisa que não deveria, mas me deixa incomodado, é quando eu tento discutir sobre viver de renda na internet e parece que só há dois extremos. Os emocionados que acham que juntando 300k vão conseguir viver com 10k de renda e os extremamente conservadores que dizem que você vai passar fome se não juntar ao menos 10 milhões e não tiver uma renda de 20k.
 

Já percebi que dinheiro é muito emocional, ele significa coisas diferentes para diferentes pessoas, então é difícil ser racional.
Tentando racionalizar o porquê essa discussão me incomoda chego a conclusão de que é meu medo de que meus números estejam errados, de que a renda que eu escolhi no futuro me restrinja. O pior caso que eu consigo enxergar é o plano dando errado, não agora, mas no longo prazo, daqui a 15 anos eu perceba que meu patrimônio esteja sendo dilapidado em uma velocidade maior que a prevista, ou que meu custo de vida suba mais que o previsto. Imagina que situação desastrosa, eu com 60 anos, sem trabalhar a 15, tendo que voltar a trabalhar.
Outro medo, esse está lá no fundo, é que hoje eu atribuo muita coisa de errado na minha vida a trabalhar, como um bode expiatório. E quando eu não tiver mais essa desculpa?
Esses medos são racionais ou emocionais? Difícil dizer quando estamos envolvidos na situação.

Voltando ao tema satisfação, que está intimamente ligado com gratidão, percebo que há uma dificuldade muito grande em estarmos satisfeitos. A ideia geral de quem vê minha situação de fora é que eu deveria estar muito empolgado por alcançar essa grande meta de vida, no entanto não estou.
O que tira o brilho dessa conquista? Será que as preocupações acerca do futuro fazem isso?
Eu tenho uma hipótese alternativa, eu passei esses 16 anos de caminhada rumo a IF tentando desvincular dinheiro das emoções, o que é muito bom para os investimentos, ou até primordial para acumular um bom patrimônio. Mas talvez isso não seja tão bom na hora de aproveitar. Outra hipótese é que tenhamos mais prazer na antecipação da coisa, do que na coisa em si.

Outra coisa que eu percebi acompanhando a jornada de outras pessoas que atingiram a independência financeira é que pequenos problemas na vida dessas pessoas adquiriam grandes proporções, acredito que pela falsa expectativa de que quando dinheiro não fosse mais problema, não existiriam outros problemas. Como evitar essa armadilha?

Espero não desanimar quem busca a IF, pois esse texto quase deu a entender que a IF é uma maldição :))
Longe disso, estou apenas mais neutro do que eu esperava com a situação, tentando controlar as expectativas e não errar nessa reta final de importante decisão.

Dá para fazer um paralelo da busca pela IF com uma viajem de barco entre duas ilhas, o início é turbulento com as ondas da ilha de saída atrapalhando o início da jornada. Então depois de passar as ondas iniciais você fica cada vez melhor em pilotar o barco e o mar fica mais calmo longe da ilha, claro que há uma tempestade aqui, outra acolá. O final da jornada também é turbulento, pois há as ondas da ilha de chegada, você agora é um exímio piloto de barco, mas isso pouco te ajuda, pois você deve desembarcar para aproveitar essa nova ilha. Toda mudança é difícil, você passou muito tempo no barco, você gosta do barco, está acostumado ao barco, no entanto deixar o barco e explorar a ilha é parte da jornada.


Patrimônio de JUN/2024

Patrimônio = R$ 2’000’149,72
Aporte = R$ 8’589,63 (0,43% patrimônio)
Rentabilidade = 0,64%, acumulado 12m = 18,30%
Inflação = 0,45%, acumulado 12m = 3,05%
CDI = 0,75%, acumulado 12m = 11,48%

Rendimento dos FII = R$ 5’016
Previsão da renda da PP = R$ 4’883
Total = R$ 9’899

Patrimônio conseguiu romper pela primeira vez a barreira dos 2 milhões (somando com a previdência está em 2,76kk), espetacular, nem nos meus sonhos de 20 anos atrás eu conseguia vislumbrar ter um patrimônio próximo dos 3 milhões.
A renda dos FII eu esperava um pouco maior por ter investido 100k mês passado, então fui ver que uma subscrição ainda não virou cota. Eu fiz uma arbitragem vendendo cotas mais caras para subscrever as mais baratas, ganha-se merreca com essa operação e ainda fica um mês sem receber os rendimentos, nem sei se vale o esforço.
O que salvou a rentabilidade da carteira foi essa subida bizarra do dólar, que Deus nos ajude quando o Roberto Campos Neto sair do BC.





Ad augusta, per angusta.

sábado, 1 de junho de 2024

Podemos usar a tabela Price para calcular a aposentadoria? E atualização do patrimônio de MAI/24

“Não terei medo. O medo mata a mente. O medo é a pequena morte que leva a aniquilação total. Enfrentarei meu medo. Permitirei que passe por cima e através de mim. E quando tiver passado, votarei o olho interior para ver seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu restarei.” - Duna.

A tabela Price foi criada no século 18 pelo francês Richard Price, é conhecida também como sistema francês de amortização. Hoje bastante usada para financiamentos, tem como característica apresentar parcelas constantes. No entanto, seu criador utilizou-a inicialmente para o calculo de pensões e aposentadorias.

Os recebimentos fixos são apenas semi adequados para o pagamento de aposentadorias, pois deve haver um componente de reajuste inflacionário, acredito que usando apenas a taxa de juros acima da inflação teremos um recebimento fixo que pode ser corrigido pela inflação para preservar o poder de compra.

Dado um certo valor (total de patrimônio acumulado), uma certa taxa de juros (juro acima da inflação) e um número de parcelas (tempo pretendido de aposentadoria) é possível calcular o valor do recebimento mensal que zera o patrimônio no tempo de aposentadoria.

Assim usando meus números:
Patrimônio R$2’700’000
Juros 3,5% a.a
Período 40 anos = 480 meses
Temos que o valor de recebimento mensal de R$10’370

Usando a sabedoria tradicional FIRE o valor que você pode gastar ao mês com esses mesmos dados é R$7’880; um valor 25% menor. Por que essa diferença? Porque esse calculo Price considera uma taxa de juro fixa (o que não é verdade se utilizarmos renda variável) e considera que todo o patrimônio será consumido ao final do período. Enquanto os cálculos e simulações FIRE usam dados históricos e consideram o pior cenário, com o objetivo de diminuir a probabilidade do seu patrimônio acabar antes do prazo. Por utilizar o pior cenário, estatisticamente é mais provável que você termine a aposentadoria com mais patrimônio do que começou, do que ele acabe.

Então qual a utilidade real da tabela Price? Caso todo seu patrimônio esteja em uma renda fixa que te proteja da inflação, por exemplo em títulos do tesouro IPCA+, pode ser utilizada a tabela Price para dizer o quanto você pode gastar, tendo o cuidado de utilizar a taxa de juros dos seus títulos descontando os impostos e no tempo jogar para uma idade avançada, pois não sabemos quando vamos morrer.

Outra utilidade é utilizar a tabela Price para calcular o valor máximo que você pode gastar, pois como ela considera o consumo total do patrimônio ao final do período, gastar mais indica ruína financeira garantida. O resultado é 4,6% de gasto do patrimônio ao ano.
Na outra ponta podemos calcular quanto do patrimônio pode ser gasto caso não haja nenhum ganho acima da inflação, o resultado é 2,5%. Podemos ver que esses números ficam próximos da regra clássica dos 4%, e os 3,5% do patrimônio que eu planejo gastar ficam bem no meio do intervalo.

Outra curiosidade é que eu posso utilizar a tabela Price para estimar a taxa de juros que a seguradora está utilizando para me pagar a previdência privada. Os números que eles me passaram foram recebimento de R$4630 reajustados pela inflação por 20 anos para um montante de R$720k.
O que dá uma taxa de 4,8% a.a acima da inflação. Na teoria se eu entregasse todo o meu patrimônio na mão deles poderia ter uma renda vitalícia de R$12k, bem acima do meu calculado. Qual o problema disso? Se eles falirem, eu perco toda a renda. De qualquer forma não descarto comprar alguma renda vitalícia no futuro, pois conforme eu envelhecer posso perder a capacidade de gerir o patrimônio, também é bom ter parte da renda descorrelacionada do mercado financeiro e quanto mais velho menor a chance deles falirem durante o meu tempo de vida.

Fica aqui a calculadora que eu utilizei para a tabela Price.
https://www.idinheiro.com.br/calculadoras/calculadora-financiamento-price/


Patrimônio de MAI/2024

Patrimônio = R$ 1’978’744,50
Aporte = R$ 27’638,91 (1,40% patrimônio)
Rentabilidade = 3,37%, acumulado 12m = 20,70%
Inflação = 0,53%, acumulado 12m = 2,08%
CDI = 0,83%, acumulado 12m = 11,75%

Rendimento dos FII = R$ 4’580
Previsão da renda da PP = R$ 4’840
Total = R$ 9’420

Bolsa patinou, Brasil patinou, e mesmo assim meu resultado foi muito bom, feliz por estar pouco exposto em bolsa brasileira. Estou exposto sim em FII, mas as rendas dos FII tem mais a ver com o aluguel recebido (e índices econômicos em caso de FII de papel) do que com a flutuação das cotas, então para mim, que estou interessado na renda, comprar cotas mais baratas é até melhor.

Esse mês venceu um CDB de longo prazo que eu achava que só venceria mês que vem. Sim esse é meu nível de controle dos investimentos, suponho que se a coisa de viver de renda funcionar para mim, funcionará para qualquer um mais atento.
Venceu um CDB prefixado com rendimento de 15,5% a.a investido em 2017, sim 7 anos, investi 33k e resgatei 72k já descontados impostos. 33k hoje corrigidos pelo IGPM são 44,7k; então eu ganhei em poder de compra 27,3k. Será?

Quanto custava o carro mais barato em 2017? R$29990. Quanto custa um hoje? R$72640.
Ou seja, se eu colocasse nesse investimento o valor de um kwid, esperasse por 7 anos na esperança de comprar um carro melhor hoje, quebraria a cara e não compraria nem o kwid.
Compraria menos ouro, menos bitcoin, mais dólares, mais picanha.
Antes que algum engraçadinho venha falar que eu fui burro de investir na “perda fixa” o mesmo valor aplicado em Ifix hoje seria 50k e em Ibov seria 60k, ambos perdendo para a renda fixa.
Para salvar a lavoura se você tivesse aplicado em 2017 o valor do kwid em S&P500 hoje teria 113k, aí sim, podendo comprar hoje um carro melhor.

Isso só reforça minha tese de que Brasil é lugar de renda fixa e renda variável é melhor no exterior.
Quem não investe fora é melhor ser um gênio em escolher as ações, ou logo andará a pé.

Dei toda essa volta para falar que com o recebimento desse CDB + 2º parte da PLR + rendimentos FII + parte não gasta do salário = comprei R$100k em FII esse mês, espetacular, estou curioso para ver quanto receberei de rendimentos mês que vem. Assim estou bem acelerado na 4º e última meta antes de largar o emprego.
Minha previsão de largar o emprego caiu, de fevereiro de 2025 para até o fim do ano, possivelmente antes. Não quero passar mais uma natal e ano novo trabalhando. O dia D está chegando.

 

 

 



Ad augusta, per angusta.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Pensamentos de férias e atualização do patrimônio de ABR/24

“INSS logo vai virar Robocop. Você morrerá trabalhando e será ressuscitado para trabalhar mais.”

Fechamento atrasado, mas por um bom motivo, estava viajando de férias. Viajar nas férias é muito bom, mesmo que a viagem seja simples, mesmo que a viagem em si não seja muito boa, pelo fato de te tirar da rotina, de te fazer pensar em coisas diferentes.

Fui para Florianópolis, destino que eu consigo ir de carro, evitando assim toda a chatice e gastos que é voar. 12 dias em um Airbnb em Canasvieiras e 4 dias no Costão do Santinho, que eu queria conhecer há tempos.

Canasvieiras tem um mar ótimo e meio que acaba por ai. Fazia tempo que eu não lidava com tanta má vontade no atendimento em geral, além dos altos preços praticados. Sei lá se tem a ver com o alto fluxos de argentinos, chilenos e uruguaios para o local. Outra coisa que me desagrada, e é característico de muitas praias de Santa Catarina, é a ocupação da orla, casas são construídas até a areia da praia, não há uma avenida e um calçadão beira mar, assim o acesso à praia fica restrito e há poucas vagas de estacionamento. Você privilegia meia dúzia de pessoas que tem essas casas quase dentro do mar e prejudica o acesso de todas as outras pessoas. Não devo mais voltar a Florianópolis.

A estadia no Costão foi ok, o que mais me agradou foi a prontidão e presteza para resolver qualquer problema. Diária cara, eu poderia ficar por 6 dias, mas optei por ficar 4 dias e o valor de duas diárias pagaram a estadia e comida por 12 dias em Canasvieiras. Entre apenas 6 dias aproveitando as férias ou 16 dias pelo mesmo valor, foi fácil escolher.
Toda experiência traz um aprendizado, já vi que prefiro resorts menores, pois de nada adianta ter 9 piscinas se você só usa uma por vez, e em resorts grandes há mais chances de haver um acumulo de hóspedes em alguma área.
Chego também a conclusão de que all inclusive não é para mim. A maior vantagem desse sistema é o descanso que ele proporciona, pois você não precisa ficar decidindo onde vai comer.
No entanto, há as desvantagens, você paga muito caro por isso e começa a comer e beber mais porque já está pago. Acho que pensão completa ou até meia pensão entregam 90% das vantagens sem as desvantagens.

A viagem no geral foi ótima, sem problemas no trajeto, tempo legal na maior parte do tempo, o airbnb excelente, Carlos o rapaz da barraquinha de drinks que me atendeu na praia foi muito bom, destoando do atendimento em geral.
Nosso cérebro é excelente em duas coisas: reconhecer padrões e criar rotinas, assim até quando você está se divertindo e saindo da rotina normal você cria outra rotina.
Então escapar da rotina é impossível, mas há rotinas mais agradáveis do que outras, pois acordar sem despertador, andar meia quadra até o mar, ficar de boa petiscando, bebericando e dando mergulhos é uma rotina melhor que, acordar super cedo, engolir qualquer coisa com pressa, pegar 2h de busão e ficar 8h passando uma mistura de stress com tédio.

Patrimônio de ABR/2024

Patrimônio = R$ 1’886’618,88
Aporte = R$ 38’460,37 (2,04% patrimônio)
Rentabilidade = -2,06, acumulado 12m = 20,70%
Inflação = 0,24%, acumulado 12m = 1,26%
CDI = 0,89%, acumulado 12m = 11,88%

A combinação de férias + adiantamento do 13º + PLR fez o aporte desse mês ficar lindo.
A rentabilidade deu uma patinada interrompendo a sequência de 6 meses de alta. Juros futuros subiram dando oportunidades de comprar tesouros e FII.

Já cumpri 3 das 4 metas propostas para esse ano que antecede minha aposentadoria:
- Aumentei a reserva de emergência para 18 meses de gastos.
- Aportei um pouco de dinheiro na previdência privada para qual eu planejo fazer a portabilidade da minha previdência atual.
- Comprei 16 títulos do tesouro Educa+ 2026, o que me garantirá R$1000 de renda extra até 2031.
Assim sobra apenas a quarta meta, que é aberta, de maximizar a renda dos FII.
Sinto que estou cada vez mais perto de “puxar o gatilho” como dizem os gringos. Tinha planejado ficar trabalhando até fevereiro do ano que vem, mas tem toda a cara de que eu vou sair antes.



Ad augusta, per angusta.

sábado, 30 de março de 2024

Viver de renda é arriscado? E atualização do patrimônio de MAR/24

“O trabalho não é ruim, ruim é ter que trabalhar.” – Seu Madruga.

Um sentimento geral que eu percebi é que a maioria das pessoas acha que viver da renda gerada de um patrimônio é mais arriscado do que viver da renda gerada do trabalho. Faz sentido isso?
Viver de renda tem riscos? É claro que tem, afinal viver é correr riscos.
Contudo esses riscos são maiores ou menores do que os riscos que você corre normalmente sendo um trabalhador?

Acredito que os riscos são menores. Então de onde vem esse sentimento de que é mais arriscado? Acredito venha de dois fatores:
- A comunidade FIRE é ultra cuidadosa. Autoexplicativo, você só consegue fazer e colocar em prática um plano de décadas se for resiliente, disciplinado e muito cuidadoso.
- A independência financeira é envolta em muitas místicas, há a ideia geral de que atingir a IF é “zerar a vida”, chegar ao Éden, onde o maná divino irá descer dos céu para alimentá-lo, e mais nada pode atingi-lo. Nada mais falso, você continua humano, com as falhas inerentemente humanas, continua ligado a um país e seus problemas, continua ligado ao mundo.
Você continua um ser pensante, que vai se adaptando as situações conforme elas acontecem.

Então por que eu acredito que os riscos são menores para quem vive do patrimônio do que para o trabalhador comum?

A primeira razão é bem óbvia, para viver do patrimônio deve existir um patrimônio, então você não é um endividado. O que já te coloca acima da maioria das pessoas que vivem endividadas pagando juros e com medo de perder o emprego.

A segunda razão são múltiplas fontes de renda. O trabalhador comum perdeu o emprego, no geral, perdeu 100% da renda. Uma carteira de investimento terá diversas fontes de renda. VT investe em umas 3000 ações ao redor do mundo, tendo vários FII de setores diferentes você estará diversificado em dezenas de imóveis, ter tesouro direto é quase como ser concursado federal, pois quem deve para você é dono da impressora de dinheiro.

A terceira razão é estar do lado de quem está vencendo. Conforme vemos em https://wtfhappenedin1971.com/ estamos em meio a um experimento financeiro inédito na história.
Vou dar um resumo rápido:
Até 1914 vigorava o padrão ouro no comércio internacional, imposto pela Inglaterra. O padrão ouro visava uma situação de equilíbrio na economia internacional de modo que cada país mantivesse uma base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim uma balança comercial equilibrada.
Com o advento das duas guerras mundiais reinou o caos, até 1944 onde foram propostos os Acordos de Bretton Woods, onde foi estabelecido o padrão dólar ouro. Onde o dólar apresentaria um valor fixo em ouro e as outras moedas fariam câmbio em relação ao dólar.
Em 1971 os Estados Unidos unilateralmente se recusou a converter os dólares em ouro, então o dólar tornou-se uma moeda fiduciária, ou seja, lastreada em “la garantia soy yo”.
Sem um lastro é possível aumentar a base monetária livremente, isso causou o maior roubo da história da humanidade, tirando dinheiro de quem trabalha para colocar na mão do governo e dos detentores de ativos.


Então desde 1971 é obrigatório ter investimentos para evitar ser engolido pelos infinitos aumentos da base monetária, enquanto a renda advinda do trabalho é cada vez mais desvalorizada. E não se enganem, com IAs e automatização a renda do trabalhador será cada vez mais amassada.
Assim no mundo de hoje é melhor ter ativos do que trabalhar. Até quando esse modelo vigorará? Difícil dizer, apenas me parece óbvio que é insustentável. O gado acordará? E ficará puto com a situação? Ou os governos melhorarão cada vez mais os instrumentos de controle? Só o tempo dirá

A quarta razão é estar melhor posicionado mesmo que o país “vire uma Venezuela”. Caso o real entre em um processo hiperinflacionário os mais prejudicados seriam mais uma vez os trabalhadores comuns que tem toda a sua renda em real. Os imóveis teriam seu preço fixado em moeda forte. Ações em bolsa obrigatoriamente seguem a inflação, ou então iriam a falência. Ter patrimônio em moeda forte é a melhor coisa.
Outra coisa muito comum nesses cenários é a escassez de alimentos e a formação de um mercado negro. Quem não precisa cumprir horário no trabalho e tem reserva financeira poderia se aproveitar disso para comprar coisas de 1º necessidade e ainda lucrar com a situação.

Outro risco, embora em considere ínfimo no Brasil, é de guerra. Pense na Ucrânia, quem estava melhor? O trabalhador comum ou alguém com ativos financeiros que poderiam ao menos em parte ser transferidos para o exterior? Mais uma vez a resposta é que é melhor ser FIRE do que um trabalhador comum nessa situação extrema.

Um risco real que só os FIRE enfrentam é o risco de uma série de retornos negativos bem no começo da IF. O que o obrigaria a vender ativos de renda variável em um preço desvantajoso e colocaria em risco a duração da IF. Para mitigar esse risco temos duas soluções, adotar uma reserva de liquidez grande e basear parte da IF em renda. Eu como um bom FIRE ultra cuidadoso vou usar as duas.


Patrimônio de MAR/2024

Patrimônio = R$ 1’887’914,79
Aporte = R$ 14’154,86 (0,75% patrimônio)
Rentabilidade = 2,87%, últimos 12m = 24,90%
Inflação = 0,26%, últimos 12m = 1,07%
CDI = 0,83%, últimos 12m = 11,75%

Patrimônio já beirando os R$1,9kk, que delícia. Essa é a maior alta contínua que tive na carteira desde que comecei a acompanhar, 12 meses de subida.

Já cumpri 2 das 4 metas propostas para esse ano que antecede minha aposentadoria.
Já aumentei a reserva de emergência para 18 meses de gastos e aportei um pouco de dinheiro na previdência privada para qual eu planejo fazer a portabilidade da minha previdência atual.
A terceira meta, que é comprar 16 títulos do tesouro educa+ 2026, o que me garantirá R$1000 de renda extra até 2031, deve ser alcançada em alguns meses.
Assim sobrará apenas a quarta meta, que é aberta, de maximizar a renda dos FII. Quero chegar a pelo menos R$4500 de renda, sendo que no último mês recebi R$4250.

No trabalho estão testando a minha paciência. Fui colocado para fazer um serviço bem fora da minha zona de conforto e toda hora eu só conseguia pensar “por que eu ainda estou aqui sofrendo quando poderia está de boa em casa?” Já ouvi relatos de pessoas que quando atingiram a IF começaram a encarar o trabalho de forma muito mais leve e prazerosa. Não é meu caso, eu sempre trabalhei apenas por dinheiro, então trabalhar quando eu teoricamente não preciso de mais dinheiro me parece cada vez mais sem sentido. Para piorar esse ano está previsto outro momento que eu serei tirado da rotina, já estou usando toda a minha capacidade política (que não é muita) para escapar disso.

Ad augusta, per angusta.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Atingi a independência financeira? E atualização do patrimônio de FEV/24

“O homem que não lê, não tem vantagem alguma sobre o homem que não sabe ler.” – Mark Twain

De acordo com meus cálculos da postagem do mês passado eu preciso de 345x meus gastos para considerar que atingi a independência financeira, ou seja, 345 x 7500 = 2,6kk.
Hoje meu patrimônio total é 1,7kk mais um fundo de previdência de 720k; totalizando 2,42kk.
Esse valor está abaixo do requerido, ainda assim posso já ter alcançado a IF?

Meu planejamento para a IF nunca foi apenas baseado em patrimônio ou apenas em renda, é um modelo híbrido baseado tanto em renda, quanto em patrimônio.
Assim eu comecei a pesquisar quanto esse meu fundo de previdência me propiciaria de renda, a resposta é R$4630 por mês, corrigidos pelo IPCA, por 20 anos. Como eu já recebo R$4000 por mês dos FII, posso considerar que tenho uma renda passiva de R$8630 hoje.

No entanto, existem alguns problemas com essa renda passiva:
Parte dela é apenas por 20 anos, esse problema deve ser minimizado pois em 20 anos, caso não haja nenhuma outra reforma da previdência, eu devo começar a receber minha aposentadoria do INSS por idade no valor de R$4000. Como eu acho que haverá pelo menos mais duas reformas da previdência nesses 20 anos, então a idade e o valor dessa aposentadoria são meio incertos. Porém mesmo com as reformas há regras de transição, então quanto mais próximo dos 65 anos eu estiver, mais eu tenho um “direito adquirido” a essa aposentadoria.

Outro problema é que nem o IPCA, nem a renda dos FII sem reinvestimento acompanham muito bem a subida dos preços e levam no longo prazo uma perda do poder de compra. Como estamos falando de décadas, isso é relevante, assim eu planejo reinvestir pelo menos 30% do valor da renda para prevenir essa perda do poder de compra. Então se R$7500 são 70%, 100% é R$10700.

Aqui eu divido meu patrimônio, deixo de contar a parte que gera renda (2,42kk – 720k – 420k = 1,28kk), isto é, o fundo de previdência e o valor dos FII e passo a computar apenas como renda de R$8630 e não como patrimônio. E passo a considerar que a outra parte do patrimônio que não gera renda deve cuidar dessa perda de poder de compra, a diferença 10700 – 8630 = 2070 ou 25k por ano (1,94% do patrimônio, bem abaixo dos 3,5% de taxa de retirada segura).

Entrei em choque vendo que já posso me aposentar hoje. Então, vou me aposentar hoje? A resposta é não.
É meio uma loucura isso, depois de tanto tempo perseguindo parece que eu fui surpreendido, não parece verdade, parecia algo impossível de alcançar. O que eu vou fazer é começar a pensar de forma mais séria em realmente parar de trabalhar e me preparar durante esse ano.

Cada ano a partir de agora que eu trabalhar a mais vai aumentar a minha margem de segurança e vai me comprar mais luxos. Fazendo uma previsão, meu fundo de previdência deve gerar R$500 de renda extra para cada ano a mais trabalhado.
Então vou me organizar durante esse ano adotando algumas medidas preparatórias:
- Aumentar a minha reserva de liquidez para 110k. Acho importante ter uma reserva robusta de uns 18 meses de gastos quando passar a viver de renda passiva, ainda mais que parte dessa renda passiva é variável e o que não falta em FII é rolos.
- Turbinar meus aportes em FII. A hora é agora, quanto mais renda passiva eu garantir enquanto ainda estou trabalhando, melhor.
- Começar a investir no tesouro Educa+ 2026. Desisti do Renda+ 2030 e vou aportar nesse Educa+ que começa a pagar antes e pode ser importante para gerar renda nos primeiros anos da aposentadoria que são mais críticos.

Essa aposentadoria baseada uma parte em renda também tem a vantagem de ser muito resiliente a anos ruins na renda variável. O maior pesadelo de quem se aposenta por investimentos é ter uma sucessão de anos ruins logo no começo, o que levaria a pessoa a vender ativos em um momento ruim e levar a um fim prematuro do patrimônio. A meu ver eu não corro esse risco pois minha reserva mais robusta permite que eu enfrente já de cara 4 anos de queda dos mercados sem precisar vender nada. Pode acontecer? Claro que pode, mas não aconteceu em nenhum período nos últimos 150 anos de dados do mercado financeiro americano.
Tudo o que eu posso fazer é ser o mais cuidadoso possível no planejamento e isto estou sendo.
Já dá para mudar meu nome para Sr. Mendigo 365?

Outra possibilidade é continuar trabalhando e como já tenho um valor que me permite parar de trabalhar, começar a aproveitar todo o meu salário, pois não tenho mais a obrigação de poupar parte dele. Considero essa uma possibilidade descartada por vários motivos:
- O salário que recebo hoje é significativamente maior que meus gastos, assim viver com esse salário todo levaria a hábitos financeiros que teriam que diminuir na aposentadoria. Uma receita para o fracasso.
- Recebo periculosidade. Nenhuma empresa é boazinha e paga isso de bobeira, meu trabalho é perigoso e também insalubre. Alongar o tempo trabalhando nisso é burrice.
- As coisas que mais me incomodam hoje são a falta de flexibilidade e o pouco domínio que tenho sobre o meu tempo. Mais dinheiro não vai consertar isso. Dou um exemplo, faz tempo que quero fazer um cruzeiro de travessia vindo da Europa para o Brasil, e não consigo, pois as datas desses cruzeiros são bem especificas e eu tenho que ficar mendigando (com o perdão do trocadilho) férias e nunca consigo exatamente no período que quero.
Assim essa possibilidade de continuar trabalhando é descartada. Devo então trabalhar até o ano que vem e só não pararei caso ocorra um desastre que leve a uma queda muito grande no saldo do meu plano de previdência e diminua muito o meu recebimento de renda dos FII.

No final do ano refaço as contas e se tudo estiver certo penduro as chuteiras. Abandonar um emprego que paga bem é difícil (mais do que eu esperava), contudo em algum momento temos que decidir o que é mais importante: tempo ou dinheiro.


Patrimônio de FEV/2024

Patrimônio = R$ 1’821’114,02
Aporte = R$ 32’664,77 (1,79% patrimônio)
Rentabilidade = 4,36%, últimos 12m = 21,43%
Inflação = 0,12%, últimos 12m = 1,25%
CDI = 0,76%, últimos 12m = 11,88%

Tudo subiu esse mês, impossível alguém ter ficado negativo.
Maior rentabilidade mensal que eu já tive. Essa é a cara da bola de neve? Demorei 8 anos para obter os primeiros R$500k, em 1 anos e meio meu patrimônio subiu R$500k.
Aporte com não recorrentes: PLR + saque aniversário.
Bitcoin é um ativo assombroso. Não sei se vai dar certo, se vai falhar e ser dominado por governos, o que eu sei é que ele valorizou mais em um mês do que todo o dinheiro que eu coloquei por anos.

Cabe uma ressalva a essa animação toda, quem acompanha o blog a algum tempo lembra que há menos de um ano eu estava chorando, com rentabilidade abaixo da inflação e patrimônio estagnado. Regularidade é a chave, aportar quando está ruim é até mais importante do que aportar quando está bom. Obviamente nossa mente primitiva de manada joga contra e quer comprar bitcoin a U$60k, da mesma forma que rejeitou o bitcoin abaixo de U$20k. Importante ter um plano de investimentos para deixar a emoção de fora.



Ad augusta, per angusta.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Níveis de liberdade financeira. E atualização do patrimônio de JAN/24.

“Porque a todo aquele que tem, será dado e terá em abundância; mas aquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.” - Mateus 25:29

Liberdade financeira ou independência financeira não é uma fronteira fixa, que você tem ou não tem, é mais um caminho a ser percorrido, com vários níveis.

Nível a um passo de virar mendigo – Viver com dívidas ou de salário em salário.
Esse é o nível em que a maioria das pessoas está. Pessoas nesse nível nunca saíram da infância financeira, nunca assumiram verdadeira responsabilidade por suas vidas. Se algum imprevisto acontecer e elas ficarem sem renda, vão virar dependente do governo ou de parentes.

Nível reserva de emergência – Ter 10x os gastos mensais em investimentos.
Ter uma reserva de emergência já começa a te dar mais paz de espírito contra pequenos dissabores da vida. Perdeu o celular? Algum eletrodoméstico queimou? Teve uma pequena batida de carro? Sem problemas, você tem dinheiro para lidar com isso. Sem se endividar, sem precisar vender ativos em mau momento, sem desespero. Quanto é isso em valores? Não vou usar a renda mediana brasileira de R$1167 (sim você leu direito, metade dos brasileiros ganha abaixo disso) vou usar a renda da classe média B2 R$5755 (classe média verdadeira), pois esses papos de liberdade financeira são desse nível de renda para cima. Então uma reserva bem montada soma R$58k.

Nível liberdade para mudar o rumo da vida – Ter 100x os gastos mensais em investimentos.
Aqui já falamos em um nível diferente de paz. Chefe encheu o saco? Quer mudar de carreira? Quer mudar de país? R$575k ou U$115k permitem você mandar o chefe se foder, fazer uma faculdade nova ou se mudar e se manter inicialmente em um novo país. O verdadeiro fuck you money.

Nível aposentadoria por investimentos clássica. - Ter 300x os gastos mensais em investimentos.
Aqui dá pra dizer que você “venceu” financeiramente. Com R$1,7kk guardados você pode tirar um grande peso dos ombros, parar de se preocupar com o INSS, parar de se preocupar com novas reformas da previdência. Essa quantia é adequada para para que o seu dinheiro dure pelo menos 30 anos.

Nível aposentadoria por investimentos antecipada. - Ter 345x os gastos mensais em investimentos.
Esse nível é para quem não quer trabalhar até os 65 e não quer apostar que vai morrer na casa dos 70 anos. R$2,0kk devem durar com segurança pelo menos 40 anos.

Nível aposentadoria por investimentos perpétua. - Ter 375x os gastos mensais em investimentos.
Nasceu herdeiro? Ganhou na loteria e não quer terminar em uma matéria de jornal explicando como perdeu tudo? É muito acima da curva e na casa dos 20 anos já acumulou uma bolada? Esse nível é para você. R$2,2kk devem conseguir manter uma vida de classe média por todo o sempre.

Bônus. E para ter uma vida nível instagram? Viajando para lugares paradisíacos, comendo em restaurantes estrelados, carros esportivos, um barco (não muito caro), roupas da melhor qualidade, festas a mil, enfim o mundo é seu playground. Calculo que com uma renda de R$50k já dá para começar a brincar, ou seja, R$19kk em investimentos (R$15kk se você for o véio da lancha). Isso é renda para os top 0,5%, ainda assim são um milhão de brasileiros.

Eu hoje estou com 44 anos, planejo que a grana dure até os 85 anos. Não vou poder ter uma vida de instagram, porém também não quero ficar em casa assistindo TV e comendo arroz com ovo. Então planejo uma vida entre a classe média e classe média alta, hoje um orçamento de uns R$7500 por mês. Assim o calculo adequado para mim é 345 x 7500 = R$2,6kk. R$90k de gastos por ano são aproximadamente 3,5% do patrimônio, bem em linha com o Trinity Study atualizado https://thepoorswiss.com/updated-trinity-study/utilizando dados até 2023 (o estudo original, de onde nasceu a regra dos 4%, só considerava dados até 1995).

Importante notar que quando se fala de uma aposentadoria de classe média, o um milhão, habitante dos sonhos de todo mundo que começa a poupar, não dá pra mais nada, a brincadeira inicia nos 1,7 milhão para a aposentadoria clássica FIRE. Meu intuito não é desanimar ninguém, se você está começando mire sem problemas no um milhão, contudo é importante dizer que o 1kk só é relevante como primeira meta, ou se você planeja aposentar-se com 3,3k por mês.


Patrimônio de JAN/24

Patrimônio = R$ 1’712’406,24
Aporte = R$ 4’564,51 (0,27% patrimônio)
Rentabilidade = 1,04%, ultimos 12m = 16,35%
Inflação = 0,56%, ultimos 12m = 1,50%
CDI = 0,88%, ultimos 12m = 12,15%

Rendimento da carteira perto de 1% ao mês, louco de bom.
No mais aportes foram abaixo do normal porque o sindicato travou o pagamento da PLR e porque já deixei paga a hospedagem para as férias que eu tenho em abril.
Em algum próximo post devo analisar mais a fundo se eu poderia deixar o trabalho hoje, apesar de não ter ainda todo o dinheiro. Cenas dos próximos capítulos.





Ad augusta, per angusta.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Balanço de 2023. E atualização do patrimônio de DEZ/23

“80% do sucesso é simplesmente comparecer.” – Woody Allen

Não tem a ver com finanças, porém um dos melhores vídeos que eu vi no ano:


Resumo mensal:



Meu salário líquido deu um belíssimo salto, quase dobrou desde 2017 e compra 3,1 carros zero do mais barato, uma melhora em relação ao ano passado que comprava 2,69 carros, entretanto ainda longe do auge do poder de compra de 2017, onde meu salário líquido anual comprava 6,7 carros. Para ter o mesmo poder de compra de 2017 eu precisaria ganhar 470k anuais hoje.

Em relação ao salário-mínimo também melhorou ano passado eu ganhava 11,3 SM e esse ano 13,7; que é o maior número de SM que eu já ganhei.

Economizei 77% do salário líquido.

Esse ano foi maravilhoso para os investimentos, ganhei em juros 19167 mensais, mais do que de salário, somando os dois da R$37k, jogando o mendigo para a bela classe A de renda, para os 1% maiores rendimentos do país. Engraçado que eu me sinto pobre, mas isso é bem óbvio, o sentimento de riqueza vem de quanto você gasta e não de quanto você ganha, enquanto a riqueza verdadeira vem de quanto você poupa e não de quanto você gasta.
Por isso eu digo que finanças pessoais são 95% emoção e sentimento, é confuso, pois destrói o psicológico de quem tenta enriquecer e destrói o patrimônio de quem tenta sentir-se rico.

Minhas despesas foram na faixa de R$4k por mês, em linha com a meta. Para 2024 estabeleço a meta de gastos de R$5k e R$4k como meta desafiadora.

Os aporte foram muito bons, pois mantive meus gastos controlados e ganhei muito mais dinheiro do que esperava. Estava até comentando com os colegas de trabalho que a empresa está “jogando dinheiro” na nossa cara.
Estava refletindo sobre isso. O problema é que depois do mal feito, não há volta, não há como desfazer o mal. Nos anos anteriores nós comemos o pão que o diabo amassou, a empresa aproveitou a pandemia e não deu aumento algum naquele ano, cresceu bastante o assédio e desmandos da chefia em cima dos funcionários, eu vi um colega perder a sanidade, ficar afastado e só voltar com uso de remédios tarja preta pesados que o transformou em um robô.
Esse ano é como se quisessem compensar, não há compensação, eu nunca mais terei a mesma vontade de trabalhar naquele lugar igual tinha há alguns anos.

Estou meio mal psicologicamente e o pior é que não é um problema que eu possa resolver jogando dinheiro em cima. Eu sei que meu problema vai parecer ridículo, pois sabe essa disciplina férrea que o Mendigo tem com dinheiro? Pois essa disciplina falta em todas as outras áreas da minha vida, assim eu vivo uma vida muito desequilibrada, com amplas conquistas nas finanças e fracasso em todo o resto, pois é necessário um mínimo de disciplina para construir algo de valor em qualquer área. Então sigo com essas promessas vazias de Ano Novo, pois é o que tem.

Graças a Deus meu ciclo no trabalho está perto de se encerrar, miro hoje em R$2,8kk, que curiosamente é próximo do 1 milhão que eu perseguia em 2008 quando iniciei a jornada. Sim você leu certo, 1kk em 2008 corrigidos pelo IGPM são 2,8kk hoje.
Espero atingir esses 2,8kk em 2 anos, mas Mendigo é impossível você crescer o patrimônio em 1,1kk em dois anos. Eu sei, mas o Mendigo tem uma carta na manga, um fundo de previdência que não é contabilizado e hoje tem 700k nele, assim faltam 400k um crescimento atingível em dois anos. Só contabilizarei esse fundo de previdência nas minhas planilhas quando faltar um ano para atingir a IF.

Temos o custo de vida anual básico do Mendigo. Para tentar medir o poder de compra baseado em algo a mais do que carro zero e salário-mínimo. Entram no índice: moradia, transporte, alimentação, plano de saúde, lazer e eletrônicos.

Moradia.
Custo anual de aluguel + condomínio + IPTU de um apartamento de 2 quartos no centro da cidade.
Isso deu R$18600 ou R$1550 ao mês.

Transporte.
Custo de um carro do padrão desejado dividido por 5. Isso deve ser representativo para o custo de ter um carro já incluindo combustível, IPVA, manutenções e seguro.
R$14200 ou R$1183 ao mês.

Alimentação.
Custo da cesta básica x 1,5 x 12. Isso deve cobrir uma alimentação melhor que a básica e ainda refeições fora de casa.
R$12240 ou R$1020 ao mês.

Plano de saúde.
R$1000 para a minha idade

Lazer.
Peguei o valor de um pacote de viagem com deslocamento por avião e hospedagem por 7 noites.
R$5000 ou R$417 ao mês.

Eletrônicos.
Computador durando 8 anos = R$73/mês
Celular durando 5 anos = R$42/mês
Notebook durando 4 anos = R$83/mês
Total R$198 ao mês.

Somando tudo, o custo de vida anual básico do Mendigo ficou em R$64416 ou R$5368 ao mês.
Não é comparável ao ano passado, pois eu tinha esquecido de incluir o custo do plano de saúde.
Dividindo o valor do meu patrimônio por esse valor tenho que meu patrimônio pode me sustentar por 26 anos.


Patrimônio de DEZ/2023

Patrimônio = R$ 1’690’249,01
Aporte = R$ 26’178,78 (1,55% patrimônio)
Rentabilidade = 4,0%, últimos 12m = 16,1%
Inflação = 0,43%, últimos 12m = 1,40%
CDI = 0,89%, últimos 12m = 12,4%

Curioso, esse novo gráfico pizza me fez perceber que eu tenho mais investido em cripto do que em ações brasileiras.
Patrimônio deu um belo salto R$394k em 2023.

Feliz Ano Novo a todo e que venha um 2024 ainda melhor.





Ad augusta, per angusta.




quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Analise do rendimento dos FII. E atualização do patrimônio de NOV/23.


“O homem certo no lugar errado pode fazer toda a diferença no mundo.” - G-Man


Utilizando o https://simularcarteira.com.br/ é possível acompanhar a rendimento total dos FII (valor da cota + rendimentos) também considerando o reinvestimento dos rendimentos, além disso é possível simular algo bem mais próximo da realidade que são aportes mensais e não apenas um aporte no início. Para comparar montei uma carteira teórica de benchmark com 50% IMAB5 / 40%CDI / 10%VT. Esse benchmark não apresenta retorno anual negativo em nenhum dos períodos analisados, sendo assim muito mais seguro do que investir em FII, logo os FII deveriam dar retornos maiores pelo risco a mais, certo? Não é assim que a banda toca.

Primeiro analisei os FII que eu tenho.

FII

Anos

%a.a acima Benchmark

CACR11

3

4,22

TGAR11

6

1,33

HGRU11

5

1,22

MALL11

5

0,99

VIISC11

6

0,66

MFII11

10

-0,37

RECR11

5

-0,72

RBED11

11

-0,77

XPSF11

3

-1,88

MAXR11

11

-2,38

HGBS11

15

-2,57

BPFF11

10

-2,64

RBRF11

6

-3,55

ITIP11

2

-3,58

HFOF11

5

-4,42

JSRE11

12

-4,52

MGFF11

5

-5,54

XPIN11

5

-5,89

DEVA11

3

-11,71

HCTR11

4

-11,99

Foram poucos com mais de 5 anos de existência que ganharam do benchmark, alguns perderam vergonhosamente. Será que o Mendigo tem dedo podre para escolher os ativos?

Fiz então a análise dos FII com maior patrimônio.


FII

Anos

%a.a acima Benchmark

HGLG11

12

0,18

XPLG11

5

-0,64

KNIP11

7

-0,78

KNRI11

6

-1,16

XPML11

5

-1,44

BTLG11

3

-1,70

KNCR11

11

-2,32

IRDM11

5

-3,29

CPTS11

9

-3,70

BRCR11

11

-6,00


Apenas um ganhou do bechmark e por pouco.

Antes de sair vendendo desesperadamente os seus FII, repetindo chavões do tipo “rendimento de renda fixa e risco de renda variável”, vamos analisar essa simulação, o que ela nos diz?

Como ela funciona comprando o ativo todos os meses, ela nos diz primordialmente que poucos FII você pode comprar sem olhar o preço, a maioria deles só terá um bom rendimento comprando em períodos de baixa. É falar o óbvio, dizer que preço importa, que comprar os FII quando o mercado está bombando e os P/VP estão esticados é pedir por resultados medíocres.

Como curiosidade eu fiz essa análise para 4 ETFs de ações:

PIBB11 – 15 anos – -2,10

BOVA11 – 14 anos – -2,61

DIVO11 – 11 anos – 0,05

IVVB11 – 6 anos – 3,31


Mas Mendigo, como eu faço para acertar a hora de comprar os ativos?

Ficar tentando acertar o futuro é bem ingrato, quando olhamos as crises passadas é fácil falar que deveria ter comprado na crise de 2008, muito mais difícil é realmente comprar durante as crises quando você é bombardeado por notícias de que o mundo vai acabar.

Eu acredito muito mais na alocação de ativos, onde você monta uma planilha com vários ativos de classes diferentes, arbitra uma porcentagem do seu patrimônio como objetivo para aquele ativo e faz o aporte no ativo que está mais defasado. Isso meio que força você a comprar os ativos que estão mais baratos naquele momento.


E vocês, ainda acreditam em FII? Ou o conforto de ter um dinheiro pingando na conta todo mês cobra um preço muito alto em perda da rentabilidade?


Patrimônio de NOV/23

 

Patrimônio = R$ 1’599’082,52

Aporte = R$ 8’895,53 (0,56% patrimônio)

Rentabilidade = 3,31%, últimos 12m = 11,48%

Inflação = 0,37%, últimos 12m = 1,41%

CDI = 0,87%, últimos 12m = 12,68%


Investimentos voaram esse mês, será o rally de fim de ano?

Tirei férias nesse mês. Uma semana em um resort, a gente quer parar de trabalhar e não fazer nada, entretanto depois de 4 dias de descanso puro, parece que mais descanso apenas não satisfaz.

É igual à história do cara que vagou horas no deserto quente sem água, então encontra outro viajante que lhe dá um copo de água, e aquele copo é uma dádiva dos deuses, o segundo copo é ainda muito bom, o terceiro é ok, quando lhe é oferecido o quinto copo, ele não vê valor.

Parte da tragédia humana é não dar valor ao que tem em abundância.

Outra coisa tragicômica é como a brasileirice permeia qualquer ambiente, em um resort de mais de 1000 a diária, teve até briga por pão de queijo no café da manhã, como se fossem pessoas passando fome. Como eu fiquei a semana toda pude observar também a diferença de público durante a semana e no final de semana. Durante a semana um pessoal mais velho, aposentado, aproveitando a vida lentamente. No fim de semana, predominantemente casais com filhos, que parecem gafanhotos, querendo afoitamente aproveitar o pouco tempo de descanso. Apesar de viajarem com os filhos, poucos pais querem realmente curtir com os filhos, a maioria quer empurrá-los logo para a equipe de animação do resort.




Ad augusta, per angusta.