domingo, 1 de outubro de 2023

Simulações de aposentadoria (ou no papel tudo é bonito) E atualização do patrimônio de SET/23

“Lema do Lula 3: Imposto acima de tudo, taxas em cima de todos.”

 


Existe uma ótima ferramenta para simular aposentadorias a partir de investimentos.
https://ficalc.app/
A vantagem desse tipo de simulação é que usa dados reais do mercado de ações e renda fixa e permite simular várias estratégias de retirada.
Usa dados de 1871 a 2023 assim para um período de aposentadoria de 40 anos são realizadas 113 simulações.
Os pontos negativos que eu vejo é que só usa dados dos EUA, ou seja, S&P 500 e bonds de 10 anos, e vejo pouco valor em usar dados muito antigos. Antes de 1971 ainda vigorava o padrão ouro, assim, uma dinâmica completamente diferente da economia, voltando um pouco mais, antes das grandes guerras o mundo era ainda mais diferente. O problema é que se você usar apenas dados a partir de 1971 só é possível fazer 13 simulações. Então ou você fica com poucas simulações que tem mais a ver com o nosso mundo, ou com muitas simulações que talvez representem um mundo que não existe mais. Melhor usar mais simulações.

Fiz a simulação usando:
Tempo de aposentadoria = 40 anos
Portfólio inicial = 2’500’000
60% ações / 35% bonds / 5% cash
Estratégia de retirada = porcentagem do portfólio 3,5%
Retirada mínima anual = 80’000
Retirada máxima anual = 150’000

Resultado:
100% das simulações terminam acima de zero.
5,3% das simulações terminam com menos de metade do portfólio inicial
A mediana da retirada anual é 100’000. Em metade dos anos de aposentadoria eu poderia gastar entre 80k e 100k e em metade dos anos eu poderia gastar acima de 100k.

Achei uma simulação bem robusta e com uma regra de gasto na aposentadoria bem simples. O simulador permite escolher 12 estratégias diferentes de retirada, algumas bem complicadas.
Achei melhor ficar com o simples, retirar uma porcentagem do patrimônio assegura que ele nunca acabará, por outro lado pode ser que o dinheiro disponível para gasto seja muito baixo, ter piso e teto de gastos arruma isso, ao custo do patrimônio poder acabar.

Em uma aproximação mais bruta, podemos dizer que não existe viver de renda, apenas viver de patrimônio, assim 40 anos = 480 meses, então 2’500’000 / 480 = 5210 de gastos ao mês considerando que não haverá rendimento acima da inflação. Com o meu piso de retirada de 80k por ano eu assumo que meus investimentos renderão pelo menos 2,7% a.a. acima da inflação.

No papel as coisas são bonitas, mas quanto mais perto da aposentadoria antecipada mais nervoso a gente fica. Afinal é se jogar em um abismo de incertezas por um longo período. A coisa pode dar certo por 20 anos por exemplo e depois começar a dar errado, imagina você depois de 20 anos sem trabalhar começar a ver que o patrimônio não vai dar? Aterrorizante.

 

Patrimônio de SET/23

Patrimônio = R$ 1’527’756,94
Aporte = R$ 7’568,73 (0,49% patrimônio)
Rentabilidade = -1,14%
Inflação = -0,04%
CDI = 0,97%
Rentabilidade acumulada desde dez 2017 = 40,36%
Inflação acumulada = 37,14%
CDI livre de IR acumulado = 34,71%

Esse mês foi triste, investimentos caíram tanto aqui quanto no exterior. A rentabilidade acumulada da carteira está abaixo da poupança. Por falar em poupança eu poderia me aposentar só na poupança?
Veja que a ideia não é tão maluca quanto parece, a poupança rende uns 6,5% a.a já livre de impostos, como minha meta hoje é juntar 2,5kk prevendo um gasto mensal de 7k, esse patrimônio na poupança rende 13500 ao mês, posso gastar 7k e reinvestir 6,5k para evitar a perda do poder de compra.
Vendo esses números eu me pergunto se não estou sendo muito conservador nos meus cálculos de independência financeira. Com certeza sim, mas tem que ser conservador mesmo, afinal é uma coisa que tem que resistir a 40 anos de incerteza.
 

Voltemos 40 anos no Brasil, consegue imaginar em 1983 planejando uma aposentadoria até hoje? Teria que passar pela incerteza se a ditadura ia voltar, passar por hiperinflação, vários planos econômicos, confisco da poupança, maxidesvalorização do real, SELIC desde 26% até 2%, bolsa subindo, quebrando, andando de lado, medo que a inflação voltasse.
Então a resposta do porquê não simplesmente jogar tudo na poupança e parar de se preocupar com investimentos é simples, porque tudo tem risco, até as coisas que parecem menos arriscadas. Quais os riscos da poupança? Confisco, SELIC cair muito (poupança nesse cenário rende apenas 70% da SELIC), real desvalorizar demais (a ponto dos meus 7k não comprarem nem uma cesta básica).
Esses cenários são prováveis? Acredito que não, mas são possíveis? Aí sim, só pensar em alguém em 1983 tentando prever como seriam os próximos 40 anos.




Ad augusta, per angusta.