sábado, 30 de março de 2024

Viver de renda é arriscado? E atualização do patrimônio de MAR/24

“O trabalho não é ruim, ruim é ter que trabalhar.” – Seu Madruga.

Um sentimento geral que eu percebi é que a maioria das pessoas acha que viver da renda gerada de um patrimônio é mais arriscado do que viver da renda gerada do trabalho. Faz sentido isso?
Viver de renda tem riscos? É claro que tem, afinal viver é correr riscos.
Contudo esses riscos são maiores ou menores do que os riscos que você corre normalmente sendo um trabalhador?

Acredito que os riscos são menores. Então de onde vem esse sentimento de que é mais arriscado? Acredito venha de dois fatores:
- A comunidade FIRE é ultra cuidadosa. Autoexplicativo, você só consegue fazer e colocar em prática um plano de décadas se for resiliente, disciplinado e muito cuidadoso.
- A independência financeira é envolta em muitas místicas, há a ideia geral de que atingir a IF é “zerar a vida”, chegar ao Éden, onde o maná divino irá descer dos céu para alimentá-lo, e mais nada pode atingi-lo. Nada mais falso, você continua humano, com as falhas inerentemente humanas, continua ligado a um país e seus problemas, continua ligado ao mundo.
Você continua um ser pensante, que vai se adaptando as situações conforme elas acontecem.

Então por que eu acredito que os riscos são menores para quem vive do patrimônio do que para o trabalhador comum?

A primeira razão é bem óbvia, para viver do patrimônio deve existir um patrimônio, então você não é um endividado. O que já te coloca acima da maioria das pessoas que vivem endividadas pagando juros e com medo de perder o emprego.

A segunda razão são múltiplas fontes de renda. O trabalhador comum perdeu o emprego, no geral, perdeu 100% da renda. Uma carteira de investimento terá diversas fontes de renda. VT investe em umas 3000 ações ao redor do mundo, tendo vários FII de setores diferentes você estará diversificado em dezenas de imóveis, ter tesouro direto é quase como ser concursado federal, pois quem deve para você é dono da impressora de dinheiro.

A terceira razão é estar do lado de quem está vencendo. Conforme vemos em https://wtfhappenedin1971.com/ estamos em meio a um experimento financeiro inédito na história.
Vou dar um resumo rápido:
Até 1914 vigorava o padrão ouro no comércio internacional, imposto pela Inglaterra. O padrão ouro visava uma situação de equilíbrio na economia internacional de modo que cada país mantivesse uma base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim uma balança comercial equilibrada.
Com o advento das duas guerras mundiais reinou o caos, até 1944 onde foram propostos os Acordos de Bretton Woods, onde foi estabelecido o padrão dólar ouro. Onde o dólar apresentaria um valor fixo em ouro e as outras moedas fariam câmbio em relação ao dólar.
Em 1971 os Estados Unidos unilateralmente se recusou a converter os dólares em ouro, então o dólar tornou-se uma moeda fiduciária, ou seja, lastreada em “la garantia soy yo”.
Sem um lastro é possível aumentar a base monetária livremente, isso causou o maior roubo da história da humanidade, tirando dinheiro de quem trabalha para colocar na mão do governo e dos detentores de ativos.


Então desde 1971 é obrigatório ter investimentos para evitar ser engolido pelos infinitos aumentos da base monetária, enquanto a renda advinda do trabalho é cada vez mais desvalorizada. E não se enganem, com IAs e automatização a renda do trabalhador será cada vez mais amassada.
Assim no mundo de hoje é melhor ter ativos do que trabalhar. Até quando esse modelo vigorará? Difícil dizer, apenas me parece óbvio que é insustentável. O gado acordará? E ficará puto com a situação? Ou os governos melhorarão cada vez mais os instrumentos de controle? Só o tempo dirá

A quarta razão é estar melhor posicionado mesmo que o país “vire uma Venezuela”. Caso o real entre em um processo hiperinflacionário os mais prejudicados seriam mais uma vez os trabalhadores comuns que tem toda a sua renda em real. Os imóveis teriam seu preço fixado em moeda forte. Ações em bolsa obrigatoriamente seguem a inflação, ou então iriam a falência. Ter patrimônio em moeda forte é a melhor coisa.
Outra coisa muito comum nesses cenários é a escassez de alimentos e a formação de um mercado negro. Quem não precisa cumprir horário no trabalho e tem reserva financeira poderia se aproveitar disso para comprar coisas de 1º necessidade e ainda lucrar com a situação.

Outro risco, embora em considere ínfimo no Brasil, é de guerra. Pense na Ucrânia, quem estava melhor? O trabalhador comum ou alguém com ativos financeiros que poderiam ao menos em parte ser transferidos para o exterior? Mais uma vez a resposta é que é melhor ser FIRE do que um trabalhador comum nessa situação extrema.

Um risco real que só os FIRE enfrentam é o risco de uma série de retornos negativos bem no começo da IF. O que o obrigaria a vender ativos de renda variável em um preço desvantajoso e colocaria em risco a duração da IF. Para mitigar esse risco temos duas soluções, adotar uma reserva de liquidez grande e basear parte da IF em renda. Eu como um bom FIRE ultra cuidadoso vou usar as duas.


Patrimônio de MAR/2024

Patrimônio = R$ 1’887’914,79
Aporte = R$ 14’154,86 (0,75% patrimônio)
Rentabilidade = 2,87%, últimos 12m = 24,90%
Inflação = 0,26%, últimos 12m = 1,07%
CDI = 0,83%, últimos 12m = 11,75%

Patrimônio já beirando os R$1,9kk, que delícia. Essa é a maior alta contínua que tive na carteira desde que comecei a acompanhar, 12 meses de subida.

Já cumpri 2 das 4 metas propostas para esse ano que antecede minha aposentadoria.
Já aumentei a reserva de emergência para 18 meses de gastos e aportei um pouco de dinheiro na previdência privada para qual eu planejo fazer a portabilidade da minha previdência atual.
A terceira meta, que é comprar 16 títulos do tesouro educa+ 2026, o que me garantirá R$1000 de renda extra até 2031, deve ser alcançada em alguns meses.
Assim sobrará apenas a quarta meta, que é aberta, de maximizar a renda dos FII. Quero chegar a pelo menos R$4500 de renda, sendo que no último mês recebi R$4250.

No trabalho estão testando a minha paciência. Fui colocado para fazer um serviço bem fora da minha zona de conforto e toda hora eu só conseguia pensar “por que eu ainda estou aqui sofrendo quando poderia está de boa em casa?” Já ouvi relatos de pessoas que quando atingiram a IF começaram a encarar o trabalho de forma muito mais leve e prazerosa. Não é meu caso, eu sempre trabalhei apenas por dinheiro, então trabalhar quando eu teoricamente não preciso de mais dinheiro me parece cada vez mais sem sentido. Para piorar esse ano está previsto outro momento que eu serei tirado da rotina, já estou usando toda a minha capacidade política (que não é muita) para escapar disso.

Ad augusta, per angusta.