“O Homem é livre para fazer o que quer, mas não para querer o que quer.” - Arthur Schopenhauer
Usando as ideias sobre planejamento para aposentadoria do André do blog viagemlenta.com decidi estimar minhas despesas depois de aposentado e calcular qual a taxa que meu patrimônio deve ser remunerado para fazer frente as despesas previstas.
Existem dois desafios nessa metodologia: estimar os seus gastos e estimar o crescimento dos gastos no tempo. Os gastos tem taxas de crescimento diferentes, é razoável imaginar que os seus gastos com moradia devem mais ou menos acompanhar a inflação (mantendo o mesmo padrão de moradia), enquanto gastos com saúde devem crescer bem acima da inflação e gastos com viagens e lazer devem diminuir.
Mesmo estimar os gastos foi um desafio. Primeiro porque devido a pandemia o orçamento dos ultimos anos foi distorcido, segundo porque existem gastos que eu não tenho hoje, mas gostaria de ter a possibilidade de tê-los no futuro.
Minha planilha de gastos anual ideal ficou assim:
Moradia: 14640
Alimentação e consumo: 13200
Transporte: 13080
Saúde: 8520
Viagens: 8400
Custo de reposição (móveis / roupas / eletrônicos): 4320
Margem de segurança: 4320
Total: 66480 ou 5540/mês
Cabe observar que hoje eu não gasto isso, meus gastos ano passado ficaram em 2600/mês.
Meu maior gasto anos atrás, fazendo viagem internacional de 25 dias, tendo carro importado e comendo em bons restaurantes foi de menos de 5k/mês (hoje o gasto seria maior, pois a pandemia encareceu tudo).
Considerei que eu trabalharia mais 3 anos ganhando o mesmo salário do ano passado e as seguintes taxas de crescimento dos gastos, lembrando que essas taxas são acima da inflação:
Moradia: 0,5%a.a – Mantendo o mesmo padrão de hoje.
Alimentação e consumo: 0,5%a.a – Mantendo o mesmo padrão de hoje.
Transporte: 2%a.a – Acredito que o transporte individual ficará cada vez mais caro, e não quero andar de busão quando for aposentado.
Saúde: 3%a.a – Os gastos com saúde tendem a explodir com a idade.
Viagens: 0%a.a – Com a idade imagino cada vez menos paciência e disposição para fazer viagens longas, além disso sem trabalhar e morando na praia imagino que a necessidade de viajar para desestressar seja nula.
Custo de reposição: 0,5%a.a – Não imagino isso ficando muito mais caro, itens tecnológicos tendem a baratear inclusive.
Margem de erro: 0,5%a.a – Esse foi um gasto fictício que eu adicionei para fazer frente a imprevistos, tanto de gastos, quanto de menor rendimento dos investimentos.
Considerei morrer aos 85 anos. Observando meus avós e parentes parece uma boa estimativa máxima. Sempre há o risco de virar um Jorginho Guinle.
Usando essas premissas chego nas seguintes taxas:
Zera meu patrimônio aos 85 anos: 2,48%a.a.
Mantém o patrimônio intacto: 3,73%a.a.
Reduz o patrimônio pela metade: 3,21%a.a.
Importante observar que como o período é longo (mais de 40 anos) a taxa é bem sensível.
Outra observação é que mesmo no pior dos casos a taxa obtida foi menos que os clássicos 4%.
Como usar essa informação?
Eu usaria assim, se o rendimento ficar acima de 3,73 eu poderia gastar um pouco mais, se ficar abaixo de 3,21 eu ficaria de olho, se ficar abaixo de 2,48 eu reduziria despesas.
Patrimônio de FEV/2022
Patrimônio = R$ 1’195’494,60
Aporte = R$ 12’233,53 (1,02% patrimônio)
Rentabilidade = -2,26%
Inflação = 1,04%
CDI = 0,90%
Rentabilidade acumulada desde dez 2017 = 30,07%
Inflação acumulada = 32,25%
CDI livre de IR acumulado = 18,38%
CDI + Inflação = 50,64%
O ano começou depressivo, quase 7% de perda em dois meses. O que adianta eu calcular que meu plano de aposentadoria funciona com um rendimento de 3,21%a.a acima da inflação, se eu estou tendo rendimentos consistentemente abaixo da inflação?
Meu patrimônio continua preso na “maldição” dos R$1,2kk.
Não vou esconder que ter prejuízos mensais com os investimentos de mais de 10x meus gastos mensais têm sido bem chato. Talvez eu tenha achado meu limite e tenha que diminuir um pouco a exposição à renda variável.
Lutemos a boa luta confrades.
Boa tarde Mendigo! A metodologia do André é excelente mesmo! Já mantenho uma planilha de TNRP há 3 anos. É muito triste ver nossos aportes serem consumidos por prejuízo a cada mês, mas no longo prazo há a tendência a recuperarmos os valores!
ResponderExcluirA quantidade de alocação em RV (e os tipos de RV) vão de cada um mesmo...O mais importante é você respeitar seu instinto. Eu pessoalmente sou conservador e por isso me sinto bem com 40% em RF, mesmo estando em fase de acumulação. É o que eu aceito com serenidade. Não posso tentar imitar outra pessoa se não me sinto bem com isso...No mais com o tempo tendemos a ficar mais conservadores ainda...
Dito isso, se sua estratégia atual é foco na RV, lembre-se que não é hora de mudar de estratégia. Se muda de estratégia em topo e não na baixa. Foque em comprar ativos baratos. Lembre-se que queda significa comprar a mesma coisa por um preço menor e se o intuito for diminuir a RV, vá fazendo isso devagar vendendo ativos com maior tempo previsto de retorno...
Grande abraço!
VVI - vvibr.blogspot.com
Conheci pessoas que não saem da RF de jeito algum, 10% de RV para essas pessoas é demais. Conforme a RF foi piorando eu fui alocando cada vez mais na RV, até chegar o limite que eu fiquei desconfortável. Não vou fazer grandes movimentos nem girar muito patrimônio, vou apenas lentamente recompondo a RF até que minha carteira se adeque ao meu perfil de risco.
ExcluirSe a minha TNRP está em 3,21%, meu horizonte de usufruto está em 3 anos e eu consigo esse rendimento acima da inflação, por que se arriscar na RV? Foi esse meu pensamento...
Abraços.
Mendigo,
ResponderExcluirAcho que o comentário do VVI toca em um ponto interessante: os momentos de baixa do mercado são os melhores para comprar bons ativos com um desconto de black friday.
Se você está desconfortável com a sua exposição em RV, uma alternativa é começar a direcionar os aportes para aqueles ativos que você julgar que possam estar sendo penalizados injustamente pelo mercado e claro, aportar em RF. Com a Selic caminhando para pelo menos 12% a.a tem vários ativos pagando uma rentabilidade muito interessante e que podem trazer um pouco de paz para você.
Abraços,
Pi
Fala, Mendigo, belizinha?
ResponderExcluirVc falou aí de estimar gastos futuros, esse assunto de inflação pessoal, é muito pertinente e realmente difícil. Ainda não fiz esse exercício, ta na minja lista de afazeres. Mas na minha "ilusão" de aposentadoria, os gastos com viagens e lazer seriam ou constantes ou aumentariam... Será que eu estou floreando muito minha aposentadoria? rs
vc está a 3 anos para se aposentar? ("Considerei que eu trabalharia mais 3 anos...") e com um estimativa de gastos futuros de 6000 mensais?
Parabens, vc é (será) um verdadeiro FIRE!!!
Como está a alocação do seu patrimônio atualmente?
Os gastos com viagens eu considerei que iriam permanecer constantes (apenas seguindo a inflação), pois acredito que quanto mais velho a gente fica, menos disposição tem para conhecer coisas novas. Acredito também que sem ser obrigado a trabalhar necessitemos menos de coisas para desestressar.
ExcluirA simulação foi feita considerando eu trabalhar mais 3 anos, mas o futuro só Deus sabe, tenho que conseguir um rendimento acima da inflação, se for igual os dois últimos anos não dá.
Minha alocação está 35% renda fixa / 30% FII / 22% exterior / 10% RV Brasil / 3% crypto.
Abraços.