“Ainda bem que de tempos em tempos a decadência volta para dar as caras e nos lembrar dos áureos tempos” – Sérgio Gomes.
Chuva de picanha, só que diferente.
Sempre me pareceu que a maioria das pessoas tem prioridades financeiras erradas. Claro que isso carrega uma bela porção de arrogância e preconceito, afinal, já dizia o ditado: nenhum dinheiro é tão gostoso de gastar quanto o dinheiro dos outros. De qualquer forma não tem como não chamar a atenção diversos casos onde a pessoa ganha um salário baixo e tem um iPhone último modelo parcelado a duras penas, ou aquele meme da foto de um barraco com um carrão na garagem.
Esse tipo de comportamento nunca pareceu fazer sentido, até que eu ouvi a teoria do maior sonho possível. Veja por exemplo essa primeira pessoa do iPhone parcelado, ela sabe que com o seu baixo salário não vai ficar rica, uma boa casa está fora de alcance também, um carro legal já é mais de 300 reais (mais de R$100’000), então o que sobra para ela? Sobra sonhar com o melhor celular, uma vez que todo o restante está fora de alcance.
Dá para pensar em níveis de gastos, apesar de um iPhone ser caro, um carro é um nível totalmente diferente de gastos, depois uma casa, depois iates, jatinhos, etc. Então a pessoa que tem um carro bom vivendo em um barraco também se explica, pois carro e casa estão em níveis diferentes de gastos. Há um nível ainda abaixo do iPhone, pois eu já vi pessoas “ostentando” compras de supermercado, uma compra farta, com bons produtos de marca e não genéricos.
Nessa teoria onde ficam as pessoas que perseguem a liberdade financeira? Pelos valores necessários para conseguir viver de renda, entre 2 e 3 milhões, eu diria que um nível acima das pessoas cujo maior sonho possível é uma casa que custa na faixa de 1,5 milhão. Viver de renda então é um produto de consumo como qualquer outro, uma questão de escolha dentro de um nível de gastos. Durante a minha vida eu vivi em apenas 3 lugares: a casa dos meus pais que era uma casa grande (120m2) em uma região periférica, em uma quitinete da mais barata possível de 20m2 quando saí da casa dos meus país e o apartamento de 60m2 próximo ao serviço que vivo hoje. A quitinete era realmente insuficiente, mesmo para uma pessoa, já o padrão de imóvel que eu vivo hoje é o suficiente, não tem luxo, mas o espaço é bom, fica em um lugar arborizado, silencioso e tranquilo. Eu não vivi em um casa luxuosa em um bairro caro para saber qual é o impacto disso na qualidade de vida, mas eu não consigo me imaginar trabalhando uma década a mais apenas para viver em uma casa maior.
Como é bem óbvio que com o meu nível salarial eu nunca poderia viver em mansões, viajar de primeira classe ou avião particular, ter carros de luxo e viver viajando constantemente pelo mundo.
Então é interessante ver que mesmo quem persegue a independência financeira não está tão fora assim do esquema das coisas, apenas está em um maior sonho possível diferente.
Patrimônio de JUN/23
Patrimônio = R$ 1’515’961,45
Aporte = R$ 7’493,70 (0,49% patrimônio)
Rentabilidade = 2,63%
Inflação = -0,50%
CDI = 0,97%
Rentabilidade acumulada desde dez 2017 = 41,47%
Inflação acumulada = 37,46%
CDI livre de IR acumulado = 32,09%
Quando eu comecei minha caminhada demorou uns 4 anos para juntar os primeiros 100 mil reais, agora minha carteira valorizou esses mesmos 100 mil reais em 3 meses. Assustador.
Ad augusta, per angusta.
Mendingo
ResponderExcluirInteressante que no momento da acumulação com determinado salário não dá para se dar a determinados luxos, porém, ao atingir a IF, pode se ousar a se dar esses luxos. Acredito que possa viajar todo ano para lugares diferentes, coisa que antes não imaginaria.
No momento de acumulação, são muitas variáveis, que temos que levar em conta para não protelar muito a IF. Alguns comportamentos podem custar muitos anos a mais trabalhando.
Abraços!
Só acho que o padrão de vida não pode ser muito discrepante entre a fase de acumulação e aposentadoria. Não vejo muito sentido em passar perrengue a vida toda para ostentar quando véio. Mas é um equilíbrio difícil de fazer mesmo, até porque, como você disse, quem não precisa trabalhar tem a oportunidade de fazer muito mais coisas.
ExcluirAbraços.
Teoria interessante.
ResponderExcluirTambém acho que viver de renda é um "produto" para o qual junta-se dinheiro para comprar, e que se encaixa na teoria do maior sonho possível. O meu nem é viver de renda (mas claro que se der, deu), mas sim ter a liberdade de poder trabalhar menos, trabalhar só meio expediente, e num cargo puramente técnico (ou qualquer coisa que não envolva gestão), sem subordinados, e saindo no horário todo dia. É para isso que eu aporto todo mês.
Eu sempre pensei no dinheiro que estou juntando como a compra da carta de alforria. Assim como no passado poucos escravos compravam a liberdade, hoje poucas pessoas pensam em se aposentar cedo.
ExcluirAbraços.
Realmente é algo análogo a comprar uma carta de alforria. Muitos empregos de hoje em dia eu vejo como formas de escravidão moderna. Então nada mais justo que buscar a própria alforria.
ExcluirNão sabia dessa de poucos escravos comprarem suas cartas de alforria. Esse tipo de estatística deve ser interessante de estudar, como curiosidade histórica.
Infelizmente muitos não tem a educação necessária para entender como a propaganda funciona e acreditam nas mensagens absurdas passadas por estas...Beba cerveja e conquiste a mulher perfeita...use um desodorante e faça sucesso...tenha um iPhone e seja feliz...Isso acaba entrando no subconsciente dos mais pobres e eles acabam gastando o que tem e o que não tem em busca daquilo prometido pela propaganda. É triste mas faz parte da vida...enquanto não houver uma educação de qualidade e também uma educação financeira nas escolas isso não vai mudar...Grande abraço!
ResponderExcluirEu odeio propaganda com todas as minhas forças. Odeio e admiro, admiro porque é super eficiente, e odeio porque não quero ninguém criando desejos em minha mente. Um dos motivos de eu ter parado de assistir TV e hoje nem ter TV em casa foram as propagandas.
ExcluirAbraços.
Mendigo, parabéns pelo resultado.
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar nessa teoria, ela segue uma linha de raciocínio bem interessante. A falta de noção do brasileiro em relação as finanças é algo realmente assustador. Quem explora isso aqui se dá muito, muito bem.
Abraço.
https://engenheirotardio.blogspot.com/
Eu dei uma pesquisada antes de fazer o post, mas não achei nada de mais concreto. Nem lembro onde vi essa teoria.:))
ResponderExcluirAbraços.
Muito interessante essa psicologia pra explicar o consumismo. E parabéns pelo resultado, curiosamente eu também demorei 4 anos pra juntar 100k, consegui superar mês passado ^^ Abs
ResponderExcluirE esses primeiros 100k eu juntei na poupança, então quem já está com investimentos mais sofisticados nessa fase, está melhor do que eu na época.
ExcluirAbraços.
Teoria muito interessante!
ResponderExcluirAbraços!