terça-feira, 3 de agosto de 2021

Como estruturar sua vida financeira para aposentadoria em camadas E atualização do patrimônio de JUL/2021


Cutscene mais caralhuda já criada. Quando eu vejo um zoomer dizendo que antigamente era mais fácil eu faço a mesma cara que o Tyrael fez pra Lea quando ela fala que ele não sabe nada sobre sacrifício.

Como estruturar sua vida financeira para aposentadoria em camadas, ou como eu montaria minha carteira do zero se começasse hoje. Quando eu comecei em 2008 era tudo mato, brincadeira, em 2008 já existia homebroker, não cheguei a operar ligando para a mesa de operação. Imagino o quão complicado era antes da década de 90 com a hiperinflação, mas nessa época minhas únicas preocupações eram fazer bagunça na escola e assistir desenhos.

O objetivo dessa carteira é ser diversificada, barata e demandar pouco conhecimento e manutenção. É para aquela pessoa que não gosta de ficar estudando e perdendo tempo com finanças, mas gostaria de ter uma boa carteira de investimentos para a aposentadoria.

1º Camada: Pagar suas dívidas e fazer sobrar dinheiro para investir.

Esse passo é a fundação da sua vida financeira, sem a fundação bem-feita tudo que será construído em cima está fadado a desmoronar. Percebo que algumas pessoas querem pular etapas e antes mesmo de fazer o básico ficam bolando esquemas mirabolantes: pirâmides, day trade, etc.

2º Camada: Reserva de emergência.

Esse passo é fundamental para que você possa ter a tranquilidade de fazer investimentos que trazem melhores rentabilidade: renda fixa de longo prazo e renda variável.

O valor indicado para essa reserva é de 6 a 12 vezes o seu gasto mensal. Como regra dá pra dizer que quanto mais arriscado é o seu emprego maior tem que ser a reserva.

Reserva tem que ter liquidez D+0 ou D+1 pode ser: poupança, fundo DI ou CDB que paguem mais que 85% do CDI. A maioria indica tesouro SELIC, o problema que eu vejo com o tesouro é que a liquidez não está no contrato do título, assim se o governo quiser pode retirar a liquidez da sua reserva com uma canetada.

3º Camada: Aportes significativos ou tempo significativo.

Quando eu comecei a buscar a independência financeira eu tinha a ideia que isso era para todo mundo, claro que isso é uma inocência, a dura verdade é que ficar se preocupando com investimentos só vale a pena para quem aporta um bom dinheiro. Não estou dizendo que quem não ganha um bom salário não deve investir, digo que talvez seja mais efetivo investir primeiro em si mesmo, melhorar o seu salário e depois começar a investir no mercado financeiro.

Quanto é um bom aporte? Isso é subjetivo pra caramba, eu aqui da minha bolha posso apenas fazer alguns cálculos.

Considerando um rendimento de 4% a.a. acima da inflação a renda esperada depende apenas do tempo e do aporte, assim é possível calcular um fator multiplicativo dependente do tempo para estimar a renda futura. Esse são os fatores calculados:
Investir por 30 anos --> 2,27
Investir por 25 anos --> 1,70
Investir por 20 anos --> 1,21
Investir por 15 anos --> 0,81
Assim, por exemplo, se uma pessoa investir R$1100 por 30 anos a renda mensal prevista é de R$2500; e se investir R$3000 por 15 anos a renda mensal prevista é de R$2430.

4º Camada: Renda Fixa.

Aqui dá pra ficar só no tesouro direto, prefixado e SELIC para prazos menores e IPCA+ comprados com a data mais próxima do começo da aposentadoria.

5º Camada: Renda variável.

Por questão de simplicidade eu hoje aplicaria apenas em ETF e juntaria a parte de renda variável com a dolarização de parte da carteira. Hoje temos instrumentos que não existiam quando eu comecei, as BDRs, mais especificamente BDR de ETF.

Você consegue investir de ações de vários países, tanto desenvolvidos, quanto emergentes com apenas uma BDR a BACW39 que segue o MCSI ACWI.

6º Camada: Criptomoedas.

Outra coisa polêmica que não existia quando eu comecei. Alguns adoram e vão entrar de cabeça, outros detestam e nunca vão investir nisso. Eu acredito que vale a pena colocar uma pequena parte dos aportes nisso. Vejo uma boa assimetria entre risco e retorno, enxergo esse ativo como a oportunidade dessa geração.

Então uma boa carteira para aposentadoria ficaria assim:

Reserva de emergência 6 a 12x o gasto mensal


Renda Fixa 70%

Tesouro IPCA+ 50%

Tesouro SELIC 10%

Tesouro Prefixado 10%


Renda Variável 30%

BACW39 25%

Cripto 5%

Essa é uma carteira simples que eu acredito que vence qualquer plano de previdência privado num horizonte de mais de 15 anos.

Mesmo quem não tem o perfil para usar essa carteira simplificada pode se beneficiar dela, usando-a como core e investindo 70% do aporte nela e usando os 30% para personalizar de acordo com o seu gosto com FII, renda fixa mais arriscada, escolher ações individuais, escolher ETFs de fatores, etc.
Lembrando que isso não é recomendação de investimento, e eu sou apenas um idiota que contando com a sorte conseguiu juntar mais de um milhão nessa shitcoin chamada real.


Patrimônio de JUL/2021

Patrimônio = R$ 1’187’925,83
Aporte = R$ 5107,38 (0,43% patrimônio)
Rentabilidade = 1,29%
Inflação = 0,71%
CDI = 0,36%
Rentabilidade acumulada desde dez 2017 = 36,83%
Inflação acumulada = 26,23%
CDI livre de IR acumulado = 14,71%
CDI + Inflação = 40,93%





Boa caminhada rumo à IF confrades!



2 comentários:

  1. Bem legal o seu post sobre as camadas! Só não concordo com a parte dos ETF e BDR, mas no resto pensamos bem parecido.

    Quanto à questão de que "antigamente era melhor", é algo parcialmente verdadeiro. Muita coisa melhorou de lá para cá (especialmente: a medicina avançou muito; temos muitas facilidades e comodidades trazidas pela internet; a produção de bens ficou mais rápida e eficiente; maior acesso ao mercado financeiro por pessoas comuns; etc.).
    Mas, por outro lado, muita coisa piorou também (Estados ficaram mais inchados no mundo todo; diminuição geral das liberdades civis; dinheiro desvalorizado; violência urbana aumentou; desvalorização do homem; está mais difícil sustentar uma família hoje em dia do que no tempo de nossos pais e avós, que criavam vários filhos só com o homem trabalhando, etc.).
    Em suma, na minha opinião, se eu pudesse viajar no tempo, mas tendo o poder de manter a medicina que temos hoje em dia, eu ACHO que preferiria viver em 1900 do que hoje em dia. Não faria questão nenhuma de computador, internet, smartphone, kindle, etc. Só faço questão da medicina mesmo. Mas é só a minha opinião.

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    1. ETF e BDR acredito serem instrumentos eficiente e principalmente simples, para uma carteira focada em quem quer ter o mínimo de trabalho. Claro que nada será tão simples quanto jogar o dinheiro num plano de previdência privada, mas esses planos em geral cobram taxas absurdas, o que corrói a rentabilidade, assim a carteira que eu apresentei tem uma boa relação entre trabalho e resultado.

      A internet mostrou-se um belo cavalo de Tróia, ela é maravilhosa e trouxe avanços notáveis, mas ao mesmo tempo ela trouxe as redes sociais, que eu tenho certeza absoluta que destroem a saúde mental das pessoas.

      De qualquer forma é uma boa reflexão: será que eu gostaria de viver 100 anos no passado, ou 100 anos no futuro?

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