domingo, 1 de setembro de 2024

Puxei o gatilho e atualização do patrimônio de AGO/24

“Nenhum arrependimento muda o passado, nenhuma ansiedade te prepara para o futuro.” - Bastter

Puxei o gatilho, como dizem os gringos, pedi demissão do emprego e estou cumprindo aviso prévio.
Impressionante como uma coisa planejada por 20 anos pode parecer meio impulsiva.
Bom, agora sabemos qual é minha tolerância a trabalhar sem precisar, bem baixa, desde que descobri que tinha atingido o número da IF eu consegui ficar apenas 6 meses, quando a previsão inicial era um ano. Dizem que apenas quando a situação se apresenta de verdade é que você tem a chance de se conhecer, então agora eu sei que não sou aqueles que vão ficar no “só mais um ano” e enrolando para abraçar a independência financeira.

Vários fatores foram se acumulando e fizeram eu tomar a decisão:

Risco assimétrico de perder parte da renda.
Esse se apresenta mais na minha previdência privada, pois a renda que virá dela depende do saldo.
Quase tive um treco quando teve uma queda expressiva na bolsa do Japão que parecia ser um crash generalizado do mercado.
Isso me afeta assim, hoje a cada mês que eu fico trabalhando, eu aumento a renda em R$65 por mês. No entanto, em caso de uma crise que leve os ativos a desvalorizar 10% eu perco R$500 por mês por 20 anos.
Então ficar trabalhando um mês a mais pode me fazer receber menos renda.

A proximidade da aposentadoria faz que eu não queira mais pegar jogo difícil.
Meu trabalho, guardadas as devidas proporções, é semelhante à de um piloto de avião. No geral é tranquila, enfadonha, cansativa; mas em alguns poucos momentos pode ser desesperadora. É uma mistura pouco saudável de tédio com stress.
Há alguns dias quando eu chegava para pegar o meu turno e é possível, por alguns indicativos, saber se as coisas estão tranquilas ou complicadas antes de entrar na planta industrial. Eu vi que as coisas estavam complicadas ainda no transporte e comecei até a passar mal, já antevendo o stress e o trabalho que eu teria naquele dia. Não pude deixar de pensar “por que me submeter a isso quando eu não preciso?”.

Chatices normais do dia a dia.
Deu pra ver que eu fui ficando cada vez mais intolerante as chatices normais do trabalho, supervisor com picuinha para marcar as férias, pressão para que eu viesse trabalhar nas folgas (essa é curiosa, pois a maioria dos outros colegas gosta disso para receber horas extras). Enfim, coisas normais de todo trabalho que normalmente você engole, eu simplesmente apenas não estava mais disposto a engolir. Isso pode parecer coisa de mimado, e eu acho que é exatamente isso, ter a possibilidade de não aceitar mais esse tipo de coisa me deixou mimado. Mas esse não é todo o ponto da IF? Ter liberdade para escolher o que você aceita e o que você não aceita.

Eu sou uma pessoa reservada, mas o fato de ter pedido demissão caiu muito forte na rádio pião. Demissão onde eu trabalho é muito raro, a ponto de nesse 16 anos de trabalho eu só ter visto uma pessoa que pediu demissão e ouvir histórias de outra em outro setor. A ponto de ter pessoas que nunca falaram comigo me abordando e histórias absurdas de que eu teria brigado com o gerente. Virei um entretenimento passageiro na vida dos outros, huehue.
Uma das interações curiosas aconteceu com um cara que veio confirmar comigo se eu tinha realmente pedido demissão e ficou todo empolgado dizendo que queria pedir demissão também, que queria estar no meu lugar. Quando eu falei que isso era fruto de um planejamento de 20 anos foi triste ver o cara murchando. Ele certamente queria ser eu agora, mas não queria ser eu nos 20 anos de batalha que tornaram isso possível. Acho que vou começar a falar que o tigrinho tá pagando muito, para manter a ilusão das pessoas de que existe um caminho fácil e rápido.

Entrando em uma discussão filoso espiritual, ter que trabalhar foi uma das punições de Deus pelo pecado original. Alcançar a IF anula essa punição? Que delicias me aguardam na reconquista do Éden? E que serpentes espreitam?


Patrimônio de AGO/2024

Patrimônio = R$ 2’072’208,05 (+786’525 na PP)
Aporte = R$ 9’429,43 (0,45% patrimônio)
Rentabilidade = 0,48%, acumulado 12m = 20,98%
Inflação = 0,22%, acumulado 12m = 3,93%
CDI = 0,87%, acumulado 12m = 11,22%

Rendimento dos FII = R$ 5’117
Previsão da renda da PP = R$ 5’042
Total = R$ 10’159
Renda máxima utilizável (TSR 3,9%) = R$ 9’291




Ad augusta, per angusta.