domingo, 1 de abril de 2018

Analise dos fundos de renda fixa. E atualização do patrimônio de MAR/2018

Uma parte fundamental da carteira de qualquer investidor é a reserva de emergência. Essa reserva vai te dar a tranquilidade de não precisar vender outros ativos caso ocorra algum evento inesperado na sua vida.

Meus gastos ano passado foram de aproximadamente R$ 60'000,00, assim esse é o valor que eu considero adequado para a minha reserva de emergência.

Quando eu comecei a corrida pela IF toda minha reserva de emergência, alias todo meu investimento, estava na poupança.

Se eu tivesse mantido essa reserva de emergência na poupança qual o rendimento hoje?
Com o CDI em 6,64% a.a a poupança esta pagando 4,9% a.a.
Assim R$ 60k rendem em um ano R$ 2940,00 na poupança.

A estratégia que eu uso hoje para a reserva de emergência é deixar o dinheiro aplicado em CDB que pagam 100% do CDI e tem liquidez diária.
Assim R$ 60k rendem em um ano R$ 3984,00
Mas como CDB não é isento de imposto de renda o rendimento é:
Até 180 dias (alicota 22,5%) = R$ 3087,60 – Ganho da poupança R$ 147,60
Mais de 720 dias (alicota 15%) = R$ 3386,40 – Ganho da poupança R$ 446,40

Como bancos grandes não oferecem esse tipo de CDB você precisa ter o trabalho de mandar seu dinheiro para uma corretora. Aí você pensa, eu vou ter essa incomodação toda para ganhar de 0,25% a 0,74% a mais do que se eu deixasse na poupança. Mas vale a pena, esses valores que parecem irrisórios no prazo de 1 ano se tornam relevantes em 20 anos. Renda fixa é isso: brigar pelos centavos.

Comecei a pensar se não tem como eu ganhar alguns "centavos" a mais mudando a minha filosofia de investimento da reserva de emergência.
A primeira mudança é que eu considero que não preciso de toda a reserva com liquidez diária posso ter por exemplo 25k com liquidez diária e 35k com menos liquidez e ganhando mais.

Pesquisando CDB`s com liquidez de 1 ou 2 meses eu posso obter 101% ou 102% do CDI.
Há vários problemas nessa abordagem:
Dá trabalho reinvestir a cada 1 ou dois meses
Com esse tempo eu vou sempre cair na alicota máxima de imposto de renda, comendo boa parte dos lucros.

Outra solução é procurar um fundo de investimento de renda fixa.
Eu sempre tive um preconceito grande contra fundos de investimento, porque realmente existem fundos que são horríveis chegando a render menos que a poupança. Então temos agora mais um trabalho que é escolher um fundo que não seja horrível e renda mais do que 100% do CDI.

Montei uma tabela com os fundos de renda fixa disponíveis na Rico que é a corretora que eu uso:



Aplic. Min = é a quantidade de dinheiro mínima para poder aplicar no fundo.
Liquidez = quanto tempo demora para o dinheiro ficar disponível quando você pede o resgate.
Risco = classificação de risco dado pela corretora.
Rent. 3a = rentabilidade dos últimos 3 anos em % do CDI
Consist. = porcentagem do tempo nos últimos 3 anos que o fundo rendeu mais que o CDI
Sharpe = índice que relaciona rentabilidade e volatilidade
Risco = volatilidade do fundo
Index = calculo arbitrário que considera a rentabilidade, a consistência e o Sharpe

Com base nesses resultados decidi manter minha reserva de emergência em 3 fundos:
Para parte sem liquidez diária: CA Indosuez Vitesse
Para parte com liquidez diária: dividir entre Sparta TOP e Az Quest Luce

* Só agora fazendo essa postagem eu vi que o Sparta TOP não é liquidez diária. Parabéns para mim, vou resgatar o que investi nele. Para liquidez de 30 dias ele não rende o suficiente.

O que eu perco fazendo isso? Principalmente a cobertura do FGC.

Qual o ganho esperado?
35k a 111,85% do CDI = 2599,39
25k a 108,89% do CDI = 1807,57

Considerando a alicota do come cotas de 15% = 3745,92
Ganho da poupança = 805,92 = 1,34% de 60k
Ganho do CDB 100% CDI = 359,52 = 0,6% de 60k

Pronto, uma trabalheira para talvez ganhar 1,34% a mais que a poupança por ano não é pra qualquer um. Mas quem busca a IF não é qualquer um.

Um resumo para ficar fácil de enxergar.
Rendimento de um ano de 60k com CDI em 6,64%:
Poupança: 2940,00
CDB 100%: 3386,40
Mix de fundos: 3745,92

"Esse texto não é de forma alguma indicação de investimento. Não tenho formação na área financeira e todo investimento está sujeito a riscos. Pensem por si próprios."

Atualização de patrimônio MAR/2018:

Patrimônio = R$ 609'460,26
Aporte = R$ 4753,30 (0,78% do patrimônio)
Rentabilidade bruta = -1,25%
Inflação = 0,032%
CDI = 0,52%
%CDI = -240,92%
Rentabilidade acumulada desde dez 2017 = 3,68%
Inflação acumulada = 1,21%
CDI acumulado = 2,17%

Rentabilidade negativa. Isso é sempre desagradável, mas quem não quer ter rentabilidade negativa deve ficar apenas na renda fixa pós fixada. O que levou a essa rentabilidade negativa foi: título do tesouro IPCA+ 2035 e IVVB11 um ETF que replica o S&P 500.

A queda do IVVB11 não tem segredo, a bolsa americana caiu um pouco.
A queda no tesouro é que eu não entendi, a SELIC foi cortada novamente para 6,5% a.a, o que deveria fazer o tesouro IPCA+ 2035 subir uma vez que ele é pré fixado.

Meus próximos aportes devem ser em renda variável, possivelmente um fundo de ações, pois a parcela dos meus investimentos em renda variável está em 22,8% quando o desejável é 26%.

A parcela de renda variável eu obtenho da seguinte conta: (idade em que eu não quero ter que lidar com as flutuações da bolsa) – (idade atual). Mas eu não sei se essa estratégia é a melhor. Hoje eu tenho como renda variável vários tipos de investimento: ações, ETF, fundo de ações, fundos multimercado e FII.

Na minha estratégia atual eu teria 26% dos investimentos em renda variável hoje e 0% aos 65 anos. Talvez seja interessante separar essa renda variável em alta volatilidade e baixa volatilidade. Assim aos 65 anos eu teria zerado apenas as posições em renda variável de alta volatilidade (ações, ETF, fundos de ações) e manteria os de baixa volatilidade (fundos multimercado, FII). Pois me parece interessante manter os FII que são geradores de renda.

Talvez mais do que desejáveis, os FII sejam obrigatórios no futuro se o Brasil mantiver as taxas de juros baixas. Meu planejamento hoje parte da premissa que o Brasil é ótimo pagador de juros, se no futuro não for assim devo ajustar minha estratégia de investimento. Não acredito nesse juro baixo por muito tempo: reforma da previdência adiada, falta de reforma tributária, governo cada vez mais gastador, sem investimentos em infraestrutura. O juro só está baixo para evitar deflação. Quando entrarmos em um novo ciclo de bonança, isto é, em um novo ciclo de valorização das commodities, nossa falta de investimento em coisas básicas vai mostrar a cara novamente e o governo vai ser obrigado a aumentar os juros para segurar a inflação.

Boa caminhada rumo à IF confrades!