quarta-feira, 31 de julho de 2024

Achei uma planilha com meus gastos de 2014 e atualização do patrimônio de JUL/24

“Os dias são longos, porém os anos são curtos”

Revirando meus backups no computador achei uma planilha antiga com os detalhes dos meus gastos em 2014. O que mudou 10 anos depois? Eu gastava mais ou menos? Qual era o perfil dos gastos? Fiquei curioso em analisar esse tipo de coisa.

Meu gasto médio mensal foi de R$3088 em 2014. Pesquisando meus contracheques nesse ano eu ganhei liquido (já contando 13º / PLR / férias) em média R$9500; ou seja, economizava 67% do meu salário liquido. Uma boa economia, o que mostra que eu estava comprometido desde muito tempo com a meta da IF. O Mendigo de hoje saúda e agradece o Mendigo de 2014 pela disciplina e por pensar no futuro.

Como era minha vida profissional em 2014?
Eu estava há 6 anos no emprego, então estava naquele ponto em que passa a empolgação inicial, as coisas deixam de ser novidades e você começa a enxergar o ambiente de forma mais crítica. Eu estava entrando na fase que eu chamo de neutra, o trabalho não empolga, mas também não é ruim. Lembro de mais ou menos nessa época ter a grande revelação de que meus números para a IF estavam dando certo e tudo que eu precisava era manter o plano ao longo do tempo, lembro de ter um grande alívio quando percebi que eu não precisava procurar um emprego melhor, que o emprego atual era o suficiente para os meus objetivos, muito boa essa sensação. De novo agradeço ao Mendigo de 2014 por continuar no plano, mesmo que a vida profissional não estivesse ruim, ele teve a sabedoria de se preparar para caso as coisas não fossem tão boas no futuro. Esse planejamento e antecipação valeram ouro, assim quando as coisas ficaram ruins eu já tinha trilhado uma boa parte do caminho, seja pró-ativo e comece a se mexer antes das coisas ficarem ruins. Use o tempo das vacas gordas para se preparar para o tempo das vacas magras, isso é sabedoria milenar.

E como eram divididos os gastos?
33% para moradia e utilidades.
Morava de aluguel 630 + condomínio 230 + internet 110 + eletricidade 40

17% viagens.
Viagem para pescar em alto-mar, viagem de 1 mês para Maceió, passeio de moto para Blumenau, viagem para festa em Prudentópolis. Puxa vida, viajava e passeava muito mais do que hoje, maldita pandemia, espero recuperar isso na IF.

17% alimentação fora de casa.
Essa época eu cozinhava pouco e morava em uma área central com várias opções de restaurantes.
Para ter noção dos preços um rodízio de comida japonesa já com as bebidas saiu R$85.

8,8% bens duráveis
Roupas, calçados, eletrodomésticos, celular.
Um celular LG G2 saiu R$1322.

8,3% lazer.
Compra de jogos, bares, cinema, churrascos, pescarias. Deixei de fazer muitas dessas coisas, seja porque não moro mais próximo aos cinemas, seja porque não tenho carro (não me imagino pegando um uber para ir até um pesqueiro).

6,7% mercado, panificadora e açougue.

4,4% Imposto de renda.
Sim, quase 5% dos meus gastos nesse ano foram para pagar o ajuste anual do imposto de renda. Eu demorei para perceber a importância de maximizar meus aportes para o meu plano de previdência PGBL.

2,3% Transporte.
Na época tinha uma moto, era econômica, isso mudaria pois no ano seguinte comprei um carro turbo importado, para o terror das minhas finanças :))

2,5% Diversos.

Como os custos daquela época se comparam com os de hoje?
3088 corrigindo pela inflação é hoje 5870.
9500 corrigindo pela inflação é hoje 18000.

Meus gastos mensais ano passado foram 4000 e meu salário líquido hoje é 18000.
Então naquela época eu gastava mais do que hoje e ganhava a mesma coisa.
Meu plano para a IF também parece consistente pois hoje ela prevê um gasto de até 8200 por mês, maior do que os gastos de hoje e maior do que os gastos históricos atualizados. Como eu não pago mais aluguel essa renda deve me proporcionar uma qualidade de vida ainda maior.
Fiquei um pouco triste ao fazer essa análise e perceber como eu fui me divertindo menos ao longo dos anos, como eu fui abandonando coisas que eu gostava de fazer. Felizmente isso é fácil de arrumar, pois minhas diversões sempre foram econômicas, é só eu voltar a pescar, continuar viajando, voltar a sair em bares e fazer passeios.


Patrimônio de JUL/2024

Patrimônio = R$ 2’052’935,71 (2,824kk com PP)
Aporte = R$ 9’176,98 (0,45% patrimônio)
Rentabilidade = 2,17%, acumulado 12m = 19,99%
Inflação = 0,36%, acumulado 12m = 3,71%
CDI = 0,87%, acumulado 12m = 11,35%

Rendimento dos FII = R$ 5’316
Previsão da renda da PP = R$ 4’944
Total = R$ 10’260
Renda máxima utilizável (Pat x 3,5%aa) = R$ 8’237

Mais um resultado excelente esse mês. Já falei do efeito que o resultado dos investimentos têm sobre nós, quando vão mal, nos achamos os piores investidores do mundo, quando vão bem, nos achamos os gênios dos investimentos. Eu não sou nem um, nem outro, até porque tirando os FIIs meus outros investimentos em RV são através de ETFs que só seguem o mercado. Dizem que no longo prazo uma alocação bem-feita e constância nos aportes vão ganhar de quase tudo, é como na fábula da corrida do coelho e da tartaruga. A tartaruga, fazendo o básico bem-feito, vai ganhar do coelho que fica acelerado querendo aproveitar oportunidades de mercado, girando patrimônio e correndo atrás do “melhor” investimento da semana. Faça o simples bem-feito.

Meu patrimônio está em uma bullrun de 16 meses quase ininterruptos de alta. A maior desde que eu acompanho. Dá até um certo medo de aposentar agora, pois depois de grandes altas sempre vêm grandes quedas (que ninguém sabe quando). No entanto, a tal regra dos 4% (que eu uso 3,5%) contempla esses casos, pois leva em conta alguém que tenha se aposentado em 1928, as vésperas da grande depressão ou em 1966, logo antes dos EUA terem mais de uma década de estagflação e uma crise braba do petróleo.

Admiro cada vez mais quem trabalha sem precisar, pois estou achando cada vez mais chato e sem sentido ir trabalhar. Já ouvi relatos de pessoas que depois que atingiram a IF até começaram a aproveitar mais o trabalho e trabalhar mais relaxados, não é meu caso. Não acho que trabalhar mais alguns meses vai fazer qualquer diferença a longo prazo na minha vida financeira, no entanto cá estou não parando agora, talvez em outubro, talvez em setembro. Pelo menos eu já não sou o cara do “só mais um ano” e virei o cara do “só mais um mês”, uma evolução eu acho.



 

Ad augusta, per angusta.